Escrito en
GLOBAL
el
Depois de 20 anos de domínio do partido de Mandela no país, primeira grande união entre partidos de oposição morre prematuramente
Por Vinicius Gomes
[caption id="" align="alignleft" width="480"] Os dois nomes da oposição sul-africana, Mamphela Ramphele (esq.) junto de Helen Zille, no dia do anúncio da aliança
(Foto Esa Alexander/Times Live South Africa[/caption] O retrocesso no pacto entre dois partidos de coalizão na África do Sul - menos de uma semana depois de ter sido anunciado publicamente – mostra que ainda existe muito trabalho a ser feito no país pós-apartheid e, agora, pós-Mandela. Quando Mamphela Ramphele, líder do recém-criado partido Agang SA, aceitou o convite do principal partido oposicionista sul-africano, a Aliança Democrática, para ser a representante na eleição presidencial, o anúncio foi feito em tom de otimismo, com a remoção do legado racial no cenário político da África do Sul. “Nós estamos pegando o assunto racial e colocando-o na lixeira”, disse ela. A Aliança Democrática tem também uma mulher como líder, Helen Zille. A história das duas mulheres já haviam se cruzado décadas atrás e um dos nomes mais importantes nomes na luta contra o apartheid, as unindo: Steve Biko. O líder ativista da “consciência negra” na África do Sul foi espancado até a morte após ser preso, no entanto, o governo branco no país alegou que ele havia morrido por conta de uma suposta greve de fome. Helen Zille foi uma das jornalistas que desmascarou a mentira das autoridades, enquanto Ramphele teve um longo romance com Biko, fora do casamento do ativista. Segundo analistas políticos na África do Sul, o grande problema na consolidação da aliança contra o partido de Mandela, dominante no país há 20 anos – o Congresso Nacional Africano (ANC, sigla em inglês, ou CNA) – foi a questão racial, a mesma que Ramphele disse que estava sendo “jogada na lixeira”. O que parece ter pesado de fato, foi Ramphele ter negociado a aliança praticamente sozinha, o que teve como consequência forte reprovação dentro do seu próprio partido. Helen Zille acusou Ramphele de ter demonstrado não ser confiável para levar qualquer tipo de projeto até sua conclusão. O analista político Eusebius McKaiser disse que toda essa situação era um presente para o CNA. “O vexame já fala por si só. A reputação de Maphela Ramphele está em pedaços e a Aliança Democrática estava muito ansiosa para conseguir um rosto negro [para a candidatura] seja esse rosto sendo a pessoa certa ou não”. O CNA e o presidente sul-africano Jacob Zuma há anos vivem às voltas com denúncias de corrupção. Com as divergências entre oposicionistas e a inabilidade governista, parece que nenhum dos dois lados está inspirando a confiança da população sul-africana para as eleições em 2014.
(Foto Esa Alexander/Times Live South Africa[/caption] O retrocesso no pacto entre dois partidos de coalizão na África do Sul - menos de uma semana depois de ter sido anunciado publicamente – mostra que ainda existe muito trabalho a ser feito no país pós-apartheid e, agora, pós-Mandela. Quando Mamphela Ramphele, líder do recém-criado partido Agang SA, aceitou o convite do principal partido oposicionista sul-africano, a Aliança Democrática, para ser a representante na eleição presidencial, o anúncio foi feito em tom de otimismo, com a remoção do legado racial no cenário político da África do Sul. “Nós estamos pegando o assunto racial e colocando-o na lixeira”, disse ela. A Aliança Democrática tem também uma mulher como líder, Helen Zille. A história das duas mulheres já haviam se cruzado décadas atrás e um dos nomes mais importantes nomes na luta contra o apartheid, as unindo: Steve Biko. O líder ativista da “consciência negra” na África do Sul foi espancado até a morte após ser preso, no entanto, o governo branco no país alegou que ele havia morrido por conta de uma suposta greve de fome. Helen Zille foi uma das jornalistas que desmascarou a mentira das autoridades, enquanto Ramphele teve um longo romance com Biko, fora do casamento do ativista. Segundo analistas políticos na África do Sul, o grande problema na consolidação da aliança contra o partido de Mandela, dominante no país há 20 anos – o Congresso Nacional Africano (ANC, sigla em inglês, ou CNA) – foi a questão racial, a mesma que Ramphele disse que estava sendo “jogada na lixeira”. O que parece ter pesado de fato, foi Ramphele ter negociado a aliança praticamente sozinha, o que teve como consequência forte reprovação dentro do seu próprio partido. Helen Zille acusou Ramphele de ter demonstrado não ser confiável para levar qualquer tipo de projeto até sua conclusão. O analista político Eusebius McKaiser disse que toda essa situação era um presente para o CNA. “O vexame já fala por si só. A reputação de Maphela Ramphele está em pedaços e a Aliança Democrática estava muito ansiosa para conseguir um rosto negro [para a candidatura] seja esse rosto sendo a pessoa certa ou não”. O CNA e o presidente sul-africano Jacob Zuma há anos vivem às voltas com denúncias de corrupção. Com as divergências entre oposicionistas e a inabilidade governista, parece que nenhum dos dois lados está inspirando a confiança da população sul-africana para as eleições em 2014.