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Em entrevista, o atual presidente do Uruguai "Pepe" Mujica afirma que quando um partido político se sobressai por levantar a bandeira da honestidade, "é porque a sociedade está doente"
Por Redação
Na segunda parte de sua entrevista para o portal Público, da Espanha, o futuro ex-presidente uruguaio José "Pepe" Mujica foi perguntado o que acha do Podemos, o surpreendente partido político que com menos de 5 meses de existência, conseguiu eleger cinco deputados para o Parlamento Europeu e é um dos mais bem avaliados para as próximas eleições na Espanha.
A resposta foi filosófica, como é característico de Mujica: "Os 'meninos' vieram me ver há pouco tempo. São um grito de alerta no mundo contemporâneo. Por que qual é a bandeira [do Podemos]? A verdadeira bandeira é o que deveria ser cotidiana: a honradez, não ser corrupto, ser correto. Esta é a primeira bandeira que estão levantando com êxito político, verdade? Isso deveria ser normal em uma sociedade, não poderia ser uma bandeira política, mas quando se torna uma bandeira de caráter decisivo, é porque a sociedade está doente".
Mujica ainda afirmou que estão sendo impostos “usos e costumes que são mais próprios da monarquia do que da república”: “Os governantes vivem como a minoria privilegiada e não como vive a maioria da sociedade. E criam uma distância com a maioria das pessoas, que acaba por deixar de acreditar. E isto é a pior doença que pode ter uma sociedade: não acreditar”, disse.
Voltando à linha filosófica, o presidente disse que os "seres humanos são os 'bichos' mais utópicos que a natureza inventou", pois na vida todos têm que acreditar em algo e que se as pessoas têm “um governo em que não acreditam, e uma classe política em que não acreditam”, resta apenas o niilismo.
Quando o repórter interpelou com um simples "trágico", o ex-guerrilheiro tupamaro disse: "Sim, mas nunca tivemos tanta riqueza como temos hoje, nunca tivemos tantos meios, nunca tivemos tantos instrumentos como temos hoje, e, ainda assim, estamos infelizes. Que paradoxo, não?"