"Tudo o que eu queria era viver", diz policial que matou Michael Brown

Em entrevista, o policial branco Darren Wilson diz que antes de atirar diversas vezes contra o jovem negro Michael Brown, pensou se poderia "legalmente atirar nesse cara". Protestos pelo não indiciamento Wilson pela morte Brown já atingem 170 cidades dos EUA

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Em entrevista, o policial branco Darren Wilson diz que antes de atirar diversas vezes contra o jovem negro Michael Brown, pensou se poderia "legalmente atirar nesse cara".  Protestos pelo não indiciamento Wilson pela morte Brown já atingem 170 cidades dos EUA Por Vinicius Gomes O policial Darren Wilson escapou de ser indiciado pelo assassinato do adolescente Michael Brown, em agosto passado, na cidade de Ferguson, Missouri. Perguntado se havia qualquer coisa diferente que pudesse ter sido feita para evitar a tragédia de ter que disparar sua arma de fogo seis vezes em uma pessoa desarmada, Wilson respondeu simplesmente que “não”. Em entrevista  concedida à ABC News, ele nega enfaticamente que suas ações – desde a abordagem até o assassinato de Brown – tenham tido motivações raciais, afirmando que teria agido da mesma maneira se o adolescente fosse branco. Wilson descreveu ao repórter tudo o que aconteceu até o derradeiro momento em que teve que atirar diversas vezes no jovem desarmado. “Pensei comigo mesmo: eu posso legalmente atirar nesse cara? E a resposta foi ‘sim, eu devo atirar’ ou ele vai me matar. Se ele me alcançar, não irei sobreviver”. Wilson já havia atirado contra Brown duas vezes, sem feri-lo mortalmente. De acordo com o relato, mesmo quando o policial atirou novamente, não parou de avançar em sua direção. “Atirei novamente e vi que o atingi, então gritei para ele se deitar no chão, lhe dando a oportunidade de parar, e ele ignorou todas as ordens e apenas continuou correndo”, disse Wilson, relatando ainda que chegou a recuar, “pois ele [Brown] já estava muito perto”, e que mesmo depois de três tiros, ainda teria feito o movimento para tentar derrubar o policial. “Foi quando olhei através da mira e atirei”, sendo esse o disparo fatal na cabeça de Brown. Toda vez que o repórter citou relatos de testemunhas oculares, como o fato de Brown ter levantado as mãos ou dele, Wilson, estar “fora de controle” e ter dado o tiro fatal na cabeça como forma de execução, a resposta do oficial era a mesma: “Isso está incorreto”. Nesta quarta-feira (26), novos protestos se estenderam para mais de 170 cidades em 37 estados dos EUA por conta do não indiciamento de Wilson, entre elas, a capital Washington, Nova York, Los Angeles, Seattle, Atlanta e Boston, que foram alguns dos locais onde aconteceram as maiores concentrações de manifestantes. Perante o júri que rejeitou seu indiciamento, o oficial Darren Wilson disse: “Tudo o que eu queria era viver”.