Nesta quinta-feira (26), líder de oposição ao atual governo da Tunísia, Mohammed Brahmi, foi morto a tiros em frente à sua casa. Brahmi era crítico ao governo de orientação islâmica que governa o país, berço da Primavera Árabe. Em fevereiro, o líder de esquerda Chokri Belaid havia sido assassinado. Em março, a reportagem da
Fórum esteve em Túnis, onde ocorreu o Fórum Social Mundial 2013, e produziu uma série de matérias sobre a Tunísia, que estão na
edição 121 da revista. Confira abaixo uma matéria sobre o quadro político e uma entrevista com Mohamed Jmour, vice secretário-geral do Partido Patriótico Democrático.
Quem governa atualmente é um partido da direita religiosa, que é acusado de ter assassinado o principal líder de esquerda. Mas ele conta com o apoio de EUA, União Europeia e Catar. Ou seja, quando interessa, às favas a democracia
Por Renato Rovai
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Manifestantes pedem justiça pela morte de (Foto: Adriana Delorenzo)[/caption]
Em 6 de fevereiro deste ano, o secretário-geral do Partido Patriótico Democrático, Chokri Belaid, foi assassinado. Ele era a principal liderança da esquerda da Tunísia e acabara de liderar a construção de uma frente com outros partidos. Seu assassinato foi um duro golpe na Frente Popular, nome que curiosamente remete à aliança liderada pelo PT com outros partidos de esquerda para a disputa da eleição de 1989. A avaliação de alguns entrevistados pela Fórum durante os dias do FSM é a de que apenas Chokri Belaid teria condições de liderar esse grupo e aglutinar mais partidos para disputar com chances de vitória uma futura eleição. Ou seja, a direita fundamentalista deu um tiro certeiro.
O cenário político na Tunísia não é tão simples de entender. Após a revolução que levou o ditador Ben Ali a pegar um avião e fugir do país, foram convocadas eleições, e a esquerda não caminhou unida. O atual partido do governo, Ennahda, uma variante da Irmandade Muçulmana, teve cerca de 40% dos votos nas eleições realizadas em 23 de outubro de 2011 e elegeu 89 dos 217 congressistas. O objetivo daquela eleição foi a de eleger um congresso para escrever uma nova constituição, que deveria estar pronta em um ano, quando seriam convocadas novas eleições. Ou seja, o tempo já expirou e nada disso foi feito. O governo provisório se estabeleceu e, armado, tem controlado o tempo político e utilizado a força para eliminar adversários. E faz isso com apoio de governos de países do Primeiro Mundo.
Não há nenhum clamor internacional, por exemplo, para que o governo apresente os resultados da investigação do assassinato de Chokri Belaid, que tanto sabia dos riscos que corria que, pouco antes de sua morte, disse: “Sou da raça dos guerreiros. Podem me matar, mas jamais vão me calar. Prefiro morrer pelas minhas ideias a morrer de cansaço ou velhice.”
O sucessor natural de Belaid é Mohamed Jmour, vice secretário-geral do Partido Patriótico Democrático. Mesmo depois do assassinato de Belaid, Jmour continua se apresentando como vice secretário-geral do partido. É uma forma de deixar claro que não é substituto do líder morto. Mas o fato de não substituí-lo não significa que os ideais defendidos pelo líder assassinado perderam força. A clareza das propostas de Jmour (que você poderá conferir a seguir) mostra que a esquerda na Tunísia pode implementar no país um projeto democrático e popular para servir de exemplo a toda a região.
Até por isso, não é exagero dizer que o que vier a acontecer no país nos próximos anos pode ser decisivo para toda a região do Magreb e para boa parte do mundo árabe. Na Tunísia, há uma esquerda com inserção nos movimentos sociais e com compromisso democrático, o que ficou bastante claro no FSM. Além do fato de ser uma esquerda conectada com a luta do povo e com força na juventude.
Por outro lado, há um fundamentalismo que está buscando controlar o Estado e que pode levar o país para um rumo altamente perigoso. Fundamentalismo religioso que conta com o apoio das mesmas forças ocidentais que foram ao Afeganistão para derrubar o governo dos talibãs. São grupos que misturam religião com política, com um claro objetivo de dominação. Usam o nome de Alá para entregar os recursos do país aos grandes grupos econômicos ocidentais.
Leia a seguir uma palestra dada por Jmour numa atividade do FSM e, na sequência, uma entrevista que concedeu à revista Fórum. A palestra e a entrevista se completam e dão a dimensão do jogo que está sendo jogado no país onde a Primavera Árabe teve o seu primeiro capítulo.
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"Eles querem instalar um Estado teocrático"
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Mohamed Jmour (Foto: AD)[/caption]
“Há três, quatro anos, era impossível pensar em um momento como esse. Este momento que vivemos agora era impossível no passado, porque o país jazia em uma situação na qual as ações democráticas eram impossíveis. Portanto, nosso povo, através de grandes sacrifícios, encurtou nosso caminho rumo à liberdade.
Não quero falar sobre a situação tunisiana aos tunisianos e tunisianas, aqueles que já a conhecem. Quero falar com os estrangeiros que aqui estão. A revolução tunisiana está no cruzamento do caminho. Existem forças no nosso país e na classe trabalhadora que querem avançar na construção de uma sociedade mais justa.
Essa forças lutam por uma república democrática, cívica, não teocrática e social. Uma república que seja capaz de reduzir injustiças sociais, a divisão entre as classes sociais e entre as regiões.
Por outro lado, existem as forças contrarrevolucionárias, as que são governo hoje, que querem estabelecer um Estado teocrático, um regime corrompido. Um regime teocrático baseado no clientelismo e no partidarismo. Pretendem deixar o país sob o domínio das forças estrangeiras. Essas forças utilizam profundamente o aspecto da religião. Mas vocês estão vendo o que significa essa resistência. Estamos todos aqui lutando contra esses interesses dos conservadores.
As forças principais de nossa revolução são os pobres, as mulheres, os jovens e os excluídos. É com essas forças que contamos para dar prosseguimento a esse processo. Isso não quer dizer que os empresários que querem investir no nosso país sejam contrarrevolucionários. Nós, da Frente Popular, apoiamos todos aqueles do empresariado que querem investir no país, gerar empregos e riquezas. Não pretendemos expropriar o empresariado ou aqueles que querem investir no país, isso não é verdade. Existe uma campanha em curso que afirma que esse é o nosso objetivo.
A Frente Popular vê que a economia tunisiana deve caminhar baseando-se em três pilares: economia solidária, setor privado e
público. Queremos que o povo tunisiano tenha a condição de assegurar a autossuficiência alimentar. Nosso país importa mais de 50%
da produção agrícola, uma vergonha para quem tem uma forte vocação nessa área.
Saibam, caros amigos, que a União Europeia, especialmente a França e a Alemanha, não querem que a Tunísia continue produzindo trigo, batata, gado etc. E nós não podemos aceitar isso.
Queremos proteger a indústria tunisiana, a agricultura tunisiana, para o bem do nosso país. Isso não quer dizer que a gente recuse os investimentos estrangeiros, mas os investimentos estrangeiros devem levar em conta os nossos interesses. A mais-valia local deve ser incorporada ao produto estrangeiro.
A Frente Popular quer diversificar as relações com outros países de Terceiro Mundo. Com países da África, da América Latina e também da Ásia. Isso não quer dizer que queremos fechar as portas da Tunísia para os Estados Unidos, para a União Europeia. Isso seria uma brincadeira, algo pouco sério da nossa parte.
Mas, ao mesmo tempo, queremos renegociar nossos acordos com a União Europeia e com outros países do Norte, de maneira a preservar os interesses do povo tunisiano. Os tunisianos devem tomar conta do próprio futuro. O G8, o FMI e outros órgãos internacionais não podem pretender ditar o que o povo tunisiano deve fazer.
Queremos suspender o pagamento dos juros da dívida até que seja feita uma auditoria efetiva sobre ela. A Frente Popular considera que a maior parte da dívida é podre e que o país não pode continuar pagando por isso.
Essas são as grandes orientações do nosso projeto.
A Revolução Tunisiana abriu grandes horizontes para o nosso povo, e o povo tunisiano permanece vigilante. Não está disposto a abrir mão das conquistas que teve à custa de muito sangue. A Frente Popular não é fechada e está disposta a dialogar com outras forças políticas, continua disposta a conversar com todas as forças democráticas do país pela construção de um projeto nacional pela Tunísia, baseado na democracia, na justiça social e na soberania nacional. São esses os três pilares fundamentais da Frente Popular.
E, claro, a Frente Popular vai lutar, ao lado dos tunisianos e tunisianas, contra a violência, contra os assassinatos. Infelizmente, nosso partido foi o primeiro a perder uma grande liderança, o secretário-geral Chokri Belaid. Esse assassinato vergonhoso não vai nos impedir de lutar por vocês e por nós, mesmo que isso nos custe outras vidas.
Não somos protegidos, mas vamos continuar a luta até que nosso povo conquiste a libertação nacional. Até que as tunisianas e tunisianos não regridam nas conquistas realizadas até agora, feitas com muito esforço e muita luta. E que, entre outras coisas, não exista mais separação entre homens e mulheres, como querem nos impor.”
Fórum – Qual é a situação política atual da Tunísia?
Mohamed Jmour – Atualmente, há na Tunísia um governo composto essencialmente pelo Partido Ennahda, uma variante da Irmandade Muçulmana. É um partido que tem como objetivo a instauração de um Estado teocrático e a “islamização” da sociedade tunisiana. Ou seja, a aplicação da Charia [código de leis do islamismo] é o seu fim. Eles não mudaram de objetivo, a despeito dos discursos e das declarações que fazem aos jornais ocidentais ou às delegações ocidentais. Com esse partido, há dois outros partidos que são fracos e que foram esmigalhados após as eleições. É um partido que tem orientações econômicas e sociais fundamentalmente liberais, eles pertencem a uma escola do Islã que é fundamentalmente liberal na religião muçulmana.
Esse regime representa os interesses dos grandes proprietários de terra e da parcela da burguesia da Tunísia que vive de importação e exportação. Então, as duas classes, e os acionistas de maneira geral, não mudaram desde a queda de Ben Ali. Há uma camada dessa classe que caiu, a camada que representava Ben Ali, mas essas classes continuam a ser hegemônicas na sociedade tunisiana. Esse governo é pró-ocidental, pró-americano.
Fórum – Ou seja, pode-se dizer que são forças estrangeiras que apoiam este regime?
Jmour – Sim , os Estados Unidos, a União Europeia...
Fórum – Isso parece contraditório, já que de alguma forma eles fazem um discurso fundamentalmente religioso e contra o Ocidente?
Jmour – Sim. Há uma contradição. E eles também têm o apoio do Catar e da Arábia Saudita. Então, para nós, a contradição principal na Tunísia é aquela entre o povo tunisiano e o imperialismo. O povo que quer se libertar do jugo do imperialismo. Mas a luta nacional e a luta anti-imperialista são intimamente ligadas à luta pela democracia, por uma república democrática e pela justiça social. Hoje, nós não podemos separar a luta anti-imperialista da luta por uma justiça social e por uma igualdade entre as regiões. Nós não podemos tampouco lutar somente pelas questões sociais sem lutar pela democracia, pela liberdade, pela igualdade entre homem e mulher. Essas três dimensões são intimamente ligadas. Como eu já lhe disse, somos da Frente Popular, e hoje lutamos por uma república democrática, cívica e social. E é uma etapa para a revolução nacional e democrática. Para nós, essa república é só uma etapa para a edificação de uma sociedade nacional e democrática, etapa necessária para o socialismo na Tunísia.
A luta do povo tunisiano tem acontecido de diversas formas. E, frente a essa luta, o governo atual só tem usado o recurso da violência. Isso é o que acontece com regimes fascistas. Quando estão em crise, eles não dialogam nem com o povo e nem com seus representantes. Só utilizam a violência. E hoje, na Tunísia, o atual governo recorre à violência de Estado, que se soma à violência de grupos fascistas, de grupos armados, que nos atacam e nos enviam mensagens de ameaça, de liquidação física. Os militantes políticos, sindicalistas, jornalistas e artistas que questionam esse governo e seus métodos estão todos sob ameaça. Dessa maneira, eles querem criar um clima de terror, que tem como objetivo fazer calar as vozes livres e criar um clima de medo. E esperam que com isso as pessoas fiquem em suas casas. Eles querem aumentar a porcentagem dos “abstencionistas”, de pessoas que não vão votar. Eles criam um clima de terror exatamente para dizer que é um risco realizar eleições neste contexto. E aproveitam para não convocar as eleições, que já deveriam ter acontecido.
Fórum – Na última eleição, qual foi a porcentagem de abstenção?
Jmour – Em 2011, mais de 50% deixaram de votar. É uma cifra importante. Então, com este clima de violência e de medo, corremos o risco de que essa porcentagem ainda venha a ser ampliada numa próxima eleição. Hoje é importante, é necessário, lutar pela dissolução das ditas ligas de proteção da revolução, grupos armados e fascistas financiados pelo governo. Nós devemos permitir e garantir a todos os partidos que possam fazer suas campanhas eleitorais na paz e na segurança, não no medo e na insegurança. Precisamos de uma Justiça independente e de mídias públicas independentes, para que todos os partidos possam utilizá-las. Sem uma Justiça e uma imprensa independentes, sem meios audiovisuais públicos e acessíveis a todos, não pode haver igualdade entre os concorrentes. Sabemos muito bem que o Ennahda [partido do governo] é beneficiado com muito dinheiro, principalmente graças ao Catar.
Fórum – Como esse dinheiro tem sido usado?
Jmour – O Ennahda criou mais de 2 mil associações de caridade, com dinheiro do Catar, para ajudar as pessoas pobres. Eles estão tentando capturar os setores populares com base na caridade. Fazem de tudo para que a Frente Popular, a esquerda e a revolução não tenham êxito.
Fórum – Depois do assassinato de Belaid, vocês passaram a ter algum tipo de proteção do governo?
Jmour – Não, ao contrário. Logo depois do assassinato do camarada Chokri Belaid, a polícia fingiu fazer algo. Fazia, por exemplo, controles nos arredores de onde eu moro. Mas já faz alguns dias que eles pararam de fazê-lo. Por quê? Eu o digo. Nós declaramos que conhecemos os assassinos de Chokri Belaid. E seu assassinato é não somente um assassinato político, mas é também um crime de Estado. Porque o Ministério do Interior é cúmplice. É um crime do partido Ennahda com a cumplicidade do Ministério do Interior e das potências estrangeiras que apoiam o partido Ennahda.
Fórum – Entrevistei um sindicalista que considera que a estratégia do Ennahda é a de não realizar eleições e fazer com que o país viva uma nova ditadura. Você concorda com isso?
Jmour – Sim, há ameaças realmente muito sérias sobre a conquista da democracia e da liberdade. Mas há essa pressão do movimento do Fórum Social Mundial que pode nos ajudar a pautar essa questão internacionalmente.
Fórum – O fato de o FSM ter sido aqui foi bom para a conjuntura política tunisiana?
Jmour – Sim, está sendo bom para o povo tunisiano. Não para nós pessoalmente... O que nós buscamos é o bem de nosso povo, a liberdade de nosso povo, pois nós não temos interesses pessoais. E sabemos que essa liberdade vai custar muito caro. Houve centenas de tunisianos mortos para que Ben Ali fugisse daqui. E haverá outras vítimas, outros mártires para a liberação do nosso povo. Houve Chokri e haverá outros. Não sei quem, mas haverá outros. Não vai ser fácil construir a via da liberdade. Nós não temos nenhuma proteção e sabemos que, a qualquer momento, um dos nossos dirigentes, um dos nossos militantes, pode ser agredido e assassinado.
Fórum – Qual é a situação da investigação do assassinato de Chokri Belaid?
Jmour – Ela está com o juiz de instrução, mas ele não fez nada até o momento. Nós lhe demos vários indícios, e indícios sérios, de que, enquanto o Ennahda estiver controlando, a polícia nós não poderemos conhecer a verdade. Simplesmente porque a polícia está implicada no caso.
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Irmã de Chokri Belaid diz que assassinato foi crime de Estado
Najer Belaid diz que o regime atual toma a religião como refém e usa o islamismo, que é a religião de todo o povo, como se fosse dele
Fórum – Qual a situação atual da Tunísia depois do assassinato do seu irmão?
Najer Belaid – O regime atual utiliza a religião para instaurar uma ditadura religiosa. A mistura da vida civil e da perspectiva democrática com a religião só pode resultar num regime fascista e ditatorial que se apoia na religião. Toma-se a religião como refém, apropria-se dela para instaurar uma ditadura e um regime fascista.
Fórum – A senhora pode dar exemplos dessas ações do regime? Do envolvimento da religião com o Estado?
Belaid – O regime toma a religião como refém, usa o islamismo, que é a religião de todo o povo, e não só de um partido, como se fosse dele. E ele faz essa mistura de uma maneira planejada, a fim de ter o voto do povo. O regime não teve o voto eleitoral por meio de uma base de programas políticos, econômicos e sociais. Seus votos foram obtidos com base numa chantagem afetiva aos tunisianos, que são naturalmente e historicamente muçulmanos. Eles trabalharam um discurso para desviar os tunisianos de seus verdadeiros problemas, que são econômicos, sociais e culturais. E fizeram um discurso para levar a dinâmica social a uma falsa questão: a diferenciação entre pessoas crentes e não crentes. Para eles, somente os seus adeptos e os que estão com eles são crentes. Toda pessoa, todo caminho que tente mostrar os erros do regime e que tente mostrar o bom caminho com o qual o país deveria se comprometer é uma via incrédula, que não crê em Deus. Eles fazem essa mistura intencionalmente e utilizam as mesquitas como espaço para fazer sua propaganda política. Mas as mesquitas pertencem ao povo, elas não pertencem a um partido político. A religião, também ela, não pertence a um só partido político. A religião é de todo o povo.
Fórum – O que a senhora pode falar dos assassinatos do seu irmão e de outras lideranças?
Belaid – É uma ação abominável, covarde, que só poderia ser perpetrada por pessoas que carecem de força de persuasão e que fazem uso do recurso à violência já que não podem convencer com suas ideias. Suas experiências passadas, nos anos 1980 e 1990, mostraram que, na verdade, eles são um pequeno grupo, um movimento fundamentalmente terrorista e fundamentalmente violento. Eles sempre recorreram à violência para impor suas ideias, justamente por não poderem convencer as pessoas com um discurso democrático e livre.
Fórum – A senhora atribui o assassinato de Chokri Belaid ao governo?
Belaid – O papel do governo está mais do que estabelecido no caso do assassinato de Chokri Belaid. Pois somente o governo possui infraestrutura e meios logísticos poderosos para um crime como aquele, que qualifico de crime de Estado. E, até o momento, o regime político não apresentou nenhuma prova de sua não culpabilidade. Ao contrário, todas as provas reforçam a tese de que eles são os responsáveis por esse crime.
Fórum – Há futuro para a Primavera Árabe na Tunísia?
Belaid – O país passa por um momento crucial de sua história e as conquistas da revolução nunca estiveram tão ameaçadas quanto neste momento. A revolução está sendo desviada de seu verdadeiro caminho pelo regime político atual, que é um regime de direita fascista. Mas tenho confiança nas forças democráticas e nas pessoas do povo, que irão contra todos os planos e projetos criminais desse regime que quer vender nosso país às forças internacionais reacionárias, especialmente às pessoas do Catar, que são as que mais estão ganhando com o atual governo.
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