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O popular jogador de críquete e líder do Pakistan Tehreek Insaf (PTI), Imran Jan, ameaçou bloquear o trânsito de suprimentos para forças da Otan no Afeganistão
Por Ashfaq Yusufzai, da IPS/Envolverde
Redobrando sua resistência aos ataques com aviões não tripulados (drones) no Paquistão, o popular jogador de críquete e líder do Pakistan Tehreek Insaf (PTI), Imran Jan, ameaçou bloquear o trânsito de suprimentos para forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Afeganistão através da província de Jyber Pajtunjwa, onde seu partido lidera uma coalizão de governo.
“Estamos organizando o maior protesto contra os drones em Peshawar, e podemos decidir bloquear o transporte de suprimentos da Otan”, declarou Jan à IPS na véspera de uma grande mobilização marcada para o dia 23. “Não queremos começar uma disputa com os Estados Unidos, mas temos todo o direito de protestar contra esses ataques ilegais que matam inocentes”, acrescentou o líder do PTI.
Jan afirmou que os ataques são uma violação do direito internacional e dos direitos humanos. Seu partido está indignado pelo ataque de um avião não tripulado norte-americano, no dia 20 deste mês, contra uma madrasa (escola islâmica) no distrito de Hangu, em Jyber Pajtunjwa, no qual morreram pelo menos oito pessoas.
O PTI lidera a coalizão de governo nessa província, que constitui uma das duas rotas usadas pela Otan para enviar suprimentos às suas forças no Afeganistão, e é estrategicamente importante considerando que os Estados Unidos planejam se retirar desse país no ano que vem.
“Mais de 200 mil ativistas políticos se reunirão aqui para enviar uma mensagem forte e clara. No mesmo dia, um protesto semelhante contra os drones acontecerá na Grã-Bretanha”, contou Jan. Quando o partido organizou uma manifestação nos dias 23 e 24 de abril, os fornecimentos para a Otan foram suspensos.
[caption id="attachment_36881" align="alignright" width="440"] Militantes do PTI colocaram cartazes em Peshawar convocando para a mobilização (Foto Ashfaq Yusufzai/IPS)[/caption]
O PTI se opõe terminantemente aos ataques com drones nas Áreas Tribais Administradas Federalmente (Fata), vizinhas a Jyber Pajtunjwa. Esses ataques são dirigidos contra líderes da rede terrorista Al Qaeda e do movimento islâmico Talibã que escaparam pela porosa fronteira de 2.400 quilômetros entre as Fata e o Afeganistão depois de expulsos de Cabul em 2001 pelas forças lideradas pelos Estados Unidos.
As Fata, administradas diretamente pelo governo paquistanês, estão repletas de combatentes islâmicos. Sobre alguns deles pesam importantes pedidos de captura. Muitos são procurados por seu suposto envolvimento nos atentados de 11 de setembro de 2001 em Nova York e Washington. Chefes da Al Qaeda e do Talibã morreram em ataques norte-americanos realizados com aviões não tripulados.
Jan afirmou que seu partido quer deixar claro para o mundo que Washington também está matando pessoas inocentes. “Ainda que os objetivos desses ataques sejam combatentes, os Estados Unidos não têm direito de matá-los sem o aval do governo paquistanês”, acrescentou. Embora a maioria das ações dos drones ocorram sobre as Fata, a do dia 20 deste mês foi em um reduto do PTI. “Não permitiremos ataques com aviões não tripulados em solo de Jyber Pajtunjwa”, destacou Jan.
O dirigente disse estar disposto a bloquear o envio de suprimentos da Otan, mesmo se isso levar seu partido a perder o governo provincial. Porém, mais tarde afirmou que nenhum funcionário de seu governo participaria da mobilização, apenas militantes partidários. “O governo do PTI na província se manterá fora do protesto, porque não queremos dar nenhum passo ilegal”, pontuou Jan.
O PTI acusa o governo do primeiro-ministro Nawaz Sharif de não transmitir as preocupações da sociedade paquistanesa sobre os drones ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. “Fomos os primeiros a indicar que esses ataques vão contra a Organização das Nações Unidas (ONU) e o direito internacional, que garantem a soberania de cada país”, enfatizou Jan. Os Estados Unidos também sabotaram as conversações de paz com o movimento radical Tehreek Taliban Pakistan ao matar seu líder, Hakimullah Meshud, no dia 1º deste mês, em um ataque realizado com drone, acrescentou.
“Atacar uma madrasa com mísseis de um drone, matando nossos cidadãos, é uma clara violação dos direitos territoriais da província”, afirmou à IPS Mohammad Junaid, militante do PTI. Esse comerciante do distrito de Swabi, onde operam combatentes islâmicos, disse que os ataques com aviões não tripulados matam inocentes, inclusive mulheres e crianças, e não devem ser permitidos em nenhum país. “Temos o direito de protestar. Estamos dispostos a nos unir a Imran Jan, nosso líder, e deter o fornecimento às forças da Otan no Afeganistão”, ressaltou.
Os partidos Jamaat Islami e Awami Jamhoori, aliados do PTI no governo provincial, têm a mesma postura. “Mais de 150 mil pessoas participarão do protesto contra os ataques com drones e a Otan. Podemos bloqueá-los de forma permanente”, destacpi o presidente do Jamaat Islami, Syued Munnawar Hassan.