Por Andrea Dip, da Pública
[caption id="attachment_20883" align="alignleft" width="300"] Andrew Jennings e movimentos sociais reunidos[/caption]O que pode ser mais perigoso do que um jornalista investigativo que vai fundo em suas descobertas e não tem medo de anunciá-las em alto e bom som?
Juntar esse jornalista com os movimentos populares.
Há pouco mais de um mês o Copa Pública, em parceria com a Rede Fora do Eixo, promoveu um dia de palestras e bate-papo sobre os preparativos para a Copa de 2014 no país. O encontro, na Casa Fora do Eixo, em São Paulo, abriu o Preliminares, festival-encontro-troca de ideias que envolveu coletivos em vários pontos da cidade de 8 a 16 de dezembro de 2012.
Especialistas de diversas áreas, militantes de movimentos populares, moradores que foram ou serão removidos de suas casas, comunicadores e estudantes se reuniram para discutir a Copa e sua promotora: a Fifa. O jornalista britânico, Andrew Jennings, fechou a noite falando sobre a entidade – exaustivamente investigada por ele há anos.
Jennings deu detalhes e nomes dos envolvidos “no jogo sujo da Fifa” - ”envergonhando cada um dos bandidos – o que é ainda mais importante”, frisou.
O jornalista aproveitou para se informar também, conversando com representantes de movimentos populares como a Ancop (Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa), que tem feito um importante trabalho de resistência aos abusos cometidos nos preparativos do megaevento; e com pessoas que estão sendo vítimas de remoções forçadas.
“Fiquei muito satisfeito com a mistura de ativistas e vítimas que se uniram para lutar contra empresários, especuladores, políticos e bandidos. Eu gostaria de trabalhar com eles no futuro” diz Jennings. “Para mim não foi apenas uma reunião, foi uma chance de começar um trabalho conjunto contra esses bandidos para os próximos 18 meses”.
Sobre as palestras a respeito das remoções, Maracanã e Lei Geral da Copa, Jennings explica que não ficou surpreso que “trabalhadores comuns sejam vitimizados pelo “big money” (dinheiro grosso), algo que acontece em todos os países que sediam megaeventos ”. Mas acha que o Brasil tem a oportunidade de virar o jogo: “Com a qualidade das pessoas que estavam naquela reunião, vocês podem lutar contra eles. Vi boas pessoas, determinadas, inteligentes, criativas”.
A melhor arma contra os chefões da Fifa, diz, é a vaia: “Acho que vocês têm que praticar para vaiar o Blatter: Buuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu. Vaiem os empresários, os políticos, a prefeitura, filmem e disponibilizem na internet! Eu quero ouvir o som das vaias brasileiras aqui na Europa! É uma arma maravilhosa e de graça!”. Veja algumas entrevistas que Andrew Jennings fez durante o evento: Edição de vídeo: Rede Fora do Eixo / Legendas: Jessica Mota