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Programa contou com a presença de Reginaldo Nasser, Mohamad El Kadri e o testemunho de quem viveu de perto o conflito no país
Por Igor Carvalho
A TV Fórum da última segunda-feira abordou o conflito na Síria e a geopolítica no mundo árabe. Os sírios Amer Musarani e Mohammed Jihad trouxeram o olhar de quem viveu a guerra travada contra o regime de Bashar al-Assad, e o cientista político e professor de relações internacionais da PUC-SP, Reginaldo Nasser, contextualizou política e historicamente como a situação do país interfere no equilíbrio do Oriente Médio, ao lado do coordenador do Comitê de Solidariedade ao Povo Sírio, Mohamad El Kadri. O debate, mediado pelo editor da Fórum, Renato Rovai, contou também com a participação do jornalista Lino Bocchini.
“O povo sírio fez uma escolha: quer liberdade, justiça e democracia, vai lutar contra Assad, e espero que seja breve.” A última frase de Kadri resume as intenções das forças de oposição à Bashar al-Assad. Reginaldo Nasser explicou o processo histórico que culminou no cenário de guerra vivido naquele país. De acordo com ele, os anos de exploração das duas gerações da família Assad, pai e filho, desaguaram na indignação de uma população jovem.
Sobre os interesses externos, Nasser disse: "EUA é um dos maiores interessados, depois da queda do Egito, eles não querem perder influência na região". Isso explicaria, para ele, o apoio norte-americano, que estaria fornecendo inclusive armamentos para fortalecer os rebeldes. Porém, o professor lembrou que o ditador sírio circulava entre a elite norte-americana, antes de assumir o poder.
Direitos Humanos
Jihad, que está refugiado no Brasil desde maio, contou que o motivo de sua fuga da Síria foram os filhos. “As forças de Bashar entraram no meu bairro atirando mísseis, ninguém entrava e saía. Até hoje, minha filha não pode ouvir barulho de rojões.” Masarani, se recordou da final vencida pelo Corinthians: “Quando eles ganharam a Libertadores, foram muitos fogos, essa menina se enfiou em baixo da mesa e não parava de chorar”. Apesar do sofrimento vivido em seu país de origem, Jihad deixou claro que quer muito voltar, mas sempre cede aos apelos da esposa, que não o quer longe da família.
A religião também foi tema. Kadri lembrou que "a questão religiosa é o pano de fundo para as questões socioeconômicas e até para a produção das guerras.” Os sírios presentes no debate pediram ajuda à embaixada brasileira e aos brasileiros que puderem contribuir com o sustento dos exilados políticos no país.
O debate foi realizado em parceria com a Casa Fora do Eixo e a União Nacional Islâmica (UNI).