Novo informe do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos mostra não só o fracasso da guerra às drogas, mas a intensificação da violência gerada por ela.
Por La Jornada
Tradução de Idelber Avelar
A chamada guerra contra as drogas criou uma ameaça para a segurança internacional que obriga buscar alternativas às políticas atuais, afirma um novo informe do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS por sua sigla em inglês) apresentado hoje em Londres.
O documento, intitulado “Drogas, insegurança e estados falidos: os problemas da proibição”, foi dado a conhecer dois dias depois que os chefes de Estado do continente americano encomendaram à Organização dos Estados Americanos explorar novos enfoques para lutar contra o narcotráfico.
Depois de examinar as políticas centradas na proibição das últimas quatro décadas, seus autores concluíram que estas não só não impediram a produção, o tráfico e o consumo de drogas, mas provocaram um aumento de violência e instabilidade no mundo.
“A proibição fracassou em reduzir o consumo mundial de drogas e involuntariamente presenteou criminosos organizados com um comércio de bilhões de dólares”, afirmou Nigel Inkster, diretor de Ameaças Transnacionais e Riscos Políticos do prestigioso centro de estudos britânico e coautor do estudo junto com a pesquisadora Virginia Comolli. Além do mais, “ela criou uma ameaça importante contra a segurança internacional”, disse Inkster.
Devido ao chamado “efeito globo”, a pressão exercida contra o narcotráfico em algumas zonas deslocou a produção e levou os narcotraficantes a buscar novas rotas em territórios até então inexplorados, como no caso da América Central, ou mais recentemente na África subsaariana.
Por isso, o informe do IISS defende um “debate mundial urgente” para estudar todas as alternativas possíveis ao regime de proibição atual, incluídas a legalização e a descriminalização.
Entre os modelos que poderiam servir de base para esse debate figura o de Portugal, que descriminalizou a posse de drogas para uso pessoal há uma década, ou inclusive a política atual para o tabaco.
“O enfoque que trata a droga como um problema que há que se resolver deve ser substituído por outro que considere a droga como um assunto que se deve gestionar”, apontou Inkster, que avisou que a mudança poderia “implicar um mínimo de danos colaterais”, sem especificar quais.
Em todo caso, o tema deve ser integrado no debate mundial sobre o desenvolvimento econômico e a segurança internacional, e os estados consumidores devem “assumir uma maior responsabilidade” e fornecer assistência aos países afetados pela violência, concluiu Inkster.