Escrito en
GLOBAL
el
Paulo Nogueira Batista Júnior considera ainda restrita a crise nos Estados Unidos, mas como o "epicentro" é a maior economia do mundo, todo cuidado é pouco
Por Daniel Merli
Crítico das políticas neoliberais das quais o Fundo Monetário Internacional (FMI) é o principal guardião, o economista Paulo Nogueira Bastista Júnior foi nomeado pelo governo Lula como representante do país no organismo. Da sede do fundo, em Washington, Nogueira tem lutado por reformas com um objetivo claro: desconcentrar o poder do FMI.
"Queremos incentivar uma dispersão de poder", relatou Nogueira Batista aos deputados da Comissão de Relações Internacionais, esta semana, em Brasília. "Uma estrutura comandada por países emergentes seria mais justa? Não necessariamente. A posição individualista da China nos organismos internacionais mostra isso". No entanto, com mais poder para mais países, Nogueira acredita que seriam abertas brechas a serem aproveitadas. "O Brasil, por exemplo, teria força para ampliar as ações de apoio ao Haiti". Para ele, "desconcentrar poder facilita alianças com países pobres e mesmo outros".
Foto: Wilson Dias/ABr
Desconcentrar o poder do FMI sobre a América Latina também seria a função dos governos da região. Interrogado pelos parlamentares sobre o Banco do Sul, Nogueira afirmou que prefere fortalecer as instituições existentes, em vez de criar novas. "Se for para servir de fundo de reserva, para evitar ataques especulativos, a América do Sul já tem essa instituição, é o Fundo Latino Americano de Reservas (Flar). Agora, se for banco de fomento, é outra coisa".
O Flar conta com a participação, atualmente, apenas de países andinos. Estão fora Brasil, Argentina e Chile, as principais reservas cambiais da região. Nogueira defendeu a entrada desses países no fundo. "Essa crise nos Estados Unidos, não tem grandes proporções até o momento. Mas pelo fato do epicentro ser a principal economia do mundo, nunca é demais tomar cuidado."