POTE DE MÁGOAS

PSG reencontra Messi no Mundial e revive uma história de promessas quebradas

Craque chegou a ser vaiado por parte da torcida francesa, que achava que o comprometimento do jogador com a equipe não era o que deveria ser

Messi, hoje no Inter Miami, em partida contra o Palmeiras no Mundial de Clubes
Messi, hoje no Inter Miami, em partida contra o Palmeiras no Mundial de ClubesCréditos: PATRICIA DE MELO MOREIRA / AFP
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O Paris Saint-Germain chegou à Copa do Mundo de Clubes como recém-coroado campeão europeu, mas o confronto com o Inter Miami de Lionel Messi nas oitavas de final neste domingo traz de volta memórias de tempos menos felizes para o clube francês.

A impressionante goleada do PSG por 5 a 0 sobre o Inter de Milão em Munique, no final do mês passado, que lhe permitiu conquistar a Liga dos Campeões da UEFA pela primeira vez, completou uma temporada incrível para o time apoiado pelo Catar, sob o comando do técnico Luis Enrique.

Não é por acaso que o PSG alcançou sua glória máxima em sua primeira temporada após mudar definitivamente seu foco de contratar jogadores superestrelas para permitir que um técnico brilhante trabalhasse com um time jovem, dinâmico e ambicioso.

A transferência de Kylian Mbappé para o Real Madrid há um ano seguiu-se às saídas em 2023 de Neymar, a contratação mais cara do mundo quando se juntou ao clube em 2017, e de Messi, no mesmo verão em que Luis Enrique foi nomeado.

Quando o PSG se lançou em agosto de 2021 para contratar Messi, depois que o Barcelona, sem dinheiro, não conseguiu mantê-lo, o time francês logicamente pensou que o argentino poderia ser o homem capaz de conquistar a tão sonhada glória da Liga dos Campeões.

Messi, que tinha 34 anos na época, pensava o mesmo.

“Meu sonho é ganhar outra Liga dos Campeões e acho que estou no lugar ideal para ter essa chance e conseguir”, disse ele em sua apresentação.

Infelizmente, não foi o que aconteceu, nem na primeira temporada de Messi em Paris, sob o comando de seu compatriota Mauricio Pochettino em 2021/22, nem na campanha seguinte, sob o comando de Christophe Galtier.

O PSG havia chegado à final da Liga dos Campeões e depois às semifinais nas duas temporadas anteriores à chegada de Messi, então ele parecia ser a peça que faltava no quebra-cabeça.

Em vez disso, o time regrediu com ele no elenco, sendo eliminado da competição de clubes de elite da Europa nas oitavas de final por dois anos consecutivos.

Nem tudo está perdoado

Ter que encaixar Messi — com seu salário anual estimado em 30 milhões de euros (US$ 35,2 milhões) após os impostos —, além de Neymar e Mbappé, pode ter aumentado o apelo das estrelas, mas enfraqueceu o time como um todo.

No final, a lenda do Barcelona chegou a ser vaiada por parte da torcida do PSG, que achava que o comprometimento de Messi com a causa não era o que deveria ser.

Messi era jogador do PSG quando inspirou a Argentina à glória na Copa do Mundo no Catar no final de 2022, mas houve apenas lampejos de seu gênio no clube francês.

Suas estatísticas resistem a qualquer análise, com 32 gols e 35 assistências em 75 partidas, e ele conquistou dois títulos da Ligue 1, ajudando a aumentar o valor do PSG como marca.

Mas uma citação memorável de um colunista do jornal esportivo francês L'Equipe resumiu bem a situação.

“O PSG não ficou melhor do que era antes por causa dele... e ele parecia ter tanta vontade de jogar na Ligue 1 quanto de ir ao dentista”, escreveu Vincent Duluc.

Dois anos depois, Messi está aproveitando o crepúsculo de sua carreira na Major League Soccer com o Inter Miami, time que ele ajudou a classificar para a fase eliminatória desta Copa do Mundo de Clubes.

O destino, portanto, reservou um confronto nas oitavas de final com o PSG no domingo, em Atlanta, no mesmo estádio onde ele marcou um gol maravilhoso de falta para garantir a vitória por 2 a 1 sobre o Porto na semana passada.

“Nem tudo está perdoado”, dizia a primeira página do L'Equipe na França na sexta-feira, ao descrever os sentimentos de “fracasso e amargura” deixados pela passagem do argentino por lá.

O técnico do Miami, Javier Mascherano, por sua vez, acredita que a lembrança infeliz de sua passagem por Paris pode motivar Messi.

“É claro que para nós é melhor se ele jogar com raiva, porque ele é um daqueles jogadores que, quando tem algo em mente, se esforça ainda mais”, disse Mascherano à ESPN.

Com Luis Enrique e o PSG ostentando grandes ambições de adicionar um título mundial à sua coroa europeia, haveria ainda mais amargura se Messi — dias após seu 38º aniversário — conseguisse eliminá-los no domingo.

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