O Athletico Paranaense anunciou, nesta segunda-feira (4), a contratação do técnico Cuca para substituir Juan Carlos Osorio, demitido na semana passada. O anúncio fez reviver o processo em que Cuca foi acusado e condenado por estupro de uma menor em 1987.
Nas redes sociais, diversos internautas reagiram negativamente à contratação, assim como os torcedores do time. A presidente do PT e deputada Gleisi Hoffmann (PT) também criticou o Athletico Paranense pela contratação e comparou com os casos de Daniel Alves e Robinho.
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Entenda o processo
Em janeiro deste ano, o processo em que Cuca era acusado por estupro foi anulado pela Justiça da Suíça, sem julgamento, com o argumento de que crime já estaria prescrito. A decisão, no entanto, não inocenta o treinador.
Em julho de 1987, Cuca, o ex-goleiro Eduardo, o ex-zagueiro Henrique e o ex-atacante Fernando foram presos em um hotel em Berna, na Suíça, durante uma excursão do Grêmio pelo crime de violência sexual contra uma menina de 13 anos que havia ido ao hotel pedir camisetas aos jogadores.
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Os quatro ficaram cerca de um mês presos no país europeu. Após intervenção diplomática, todos acabaram libertados e retornaram ao Brasil. Porém, dois anos depois, foram julgados e condenados - não à revelia como Cuca afirmou em sua recente defesa, mas defendidos por advogado contratado pelo Grêmio. Para Cuca, a pena foi de 15 meses de detenção, que prescreveu antes de ser cumprida.
Em março de 2021, depois de mais de três décadas de silêncio, Cuca resolveu falar sobre a questão polêmica, conhecida como o “escândalo de Berna”, em entrevista exclusiva para Marília Ruiz, colunista do UOL. “Eu preciso dar um basta nisso. Claro que essa história me incomoda demais. Não posso virar bandido depois de 34 anos. Resolvi juntar minha mulher e minhas duas filhas para falar desse caso de 12.400 dias atrás porque sou inocente”, declarou o técnico.
Em abril de 2023, ele foi anunciado como técnico do Corinthians, trazendo o caso à tona novamente. Após repercussão negativa, Cuca se demitiu do cargo. O advogado que defendeu a vítima a época, Willi Egloff, usou as redes sociais para desmentir Cuca, que havia contestado as acusações. “A declaração do Alexi Stival [Cuca] é falsa. A garota o reconheceu como um dos estupradores. Ele foi condenado por relações sexuais com uma menor”, declarou o advogado que à época foi contratado pela família da vítima, tendo sido uma das poucas pessoas que teve acesso aos autos do processo. A Justiça da Suíça confirmou que os documentos referentes ao caso estão em sigilo por 110 anos.
Ao jornal Der Bund, da própria cidade de Berna, Egloff também afirmou que um exame realizado pelo Instituto de Medicina Legal da Universidade de Berna encontrou sêmen de Cuca na vítima. Também confirmou que a adolescente tentou o suicídio após o estupro. O processo foi concluído em 1989 com a condenação dos quatro jogadores envolvidos.
Após a repercussão, Cuca contratou advogados na Suíça para limpar seu nome. O resultado foi a anulação do caso.