A Justiça da Espanha concedeu, nesta quarta-feira (20), liberdade provisória ao jogador brasileiro Daniel Alves, mediante a entrega de passaportes e o pagamento de fiança de 1 milhão de euros (R$ 5,5 milhões). O valor representa menos de 2% do patrimônio do ex-atleta, segundo um site que estima a fortuna de celebridades.
Na terça-feira (19), a defesa do acusado solicitou que ele aguardasse o julgamento em liberdade com medidas cautelares. Alves foi condenado a quatro anos e meio de prisão por ter estuprado uma mulher de 23 anos, em dezembro de 2022, em uma casa noturna de Barcelona, na Espanha.
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O jornal espanhol Marca, de esportes, e o Celebrity Net Worth revelou que Daniel Alves acumula um patrimônio de aproximadamente 60 milhões de euros, equivalente a cerca de R$ 326 milhões, na cotação atual. A riqueza é uma soma de salários, abertura de negócios, atividades empresariais e bens privados.
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Alves recebia 300 mil euros (R$ 1,6 milhão) em seu último contrato no futebol, assinado com o clube mexicano UNAM Pumas, em julho de 2022. O contrato com o Pumas foi rescindido assim que a acusação de estupro veio a público, em dezembro de 2022.
Durante as investigações, ele afirmou receber 30 mil euros ao ser interrogado sobre o salário mensal recebido. Ele foi corrigido no tribunal pela juíza, que tinha em mãos uma cópia de seu contrato e esclareceu que o salário era pago a ele pelo clube com ajuda de patrocinadores.
O ex-jogador atuou pelo São Paulo entre agosto de 2019 e setembro de 2021, quando foi dispensado após se recusar a comparecer nos treinos por atraso no pagamento de salários, de R$ 1,5 milhão. Desde o início de 2022, o clube paga R$ 400 mil por mês devido a um acordo de dívida, no valor de R$ 20 milhões e parcelada em 60 vezes.
Pelo Barcelona, onde teve uma passagem de oito anos, entre 2008 e 2016, e outro momento entre 2021 e 2022, ele recebeu mais de 10 milhões de euros (R$ 54 milhões) a partir de renovações contratuais. Além do clube catalão, ele passou pelo Sevilla, Juventus e Paris Saint-Germain, que têm condições financeiras de ofertar valores atrativos.
Alves também tem participação em atividades empresariais no Brasil. Somente no estado de São Paulo, seu nome está associado a 14 empresas, com capital declarado de pouco mais de R$ 7 milhões, no total.
No exterior, abriu a loja de roupas DM3 Fashion Moda, em Barcelona; lançou uma marca própria de óculos, a Bam Bam; e desenvolveu a Treendbam Look Society, voltada para o comércio de produtos de moda. Ele ainda criou uma rede de restaurantes que encerrou o funcionamento durante a pandemia do coronavírus, a Alquimia Fogo.
Liberdade provisória
Nesta quarta-feira (20), a Justiça determinou o pagamento de uma fiança de 1 milhão de euros e a entrega dos passaportes espanhol e brasileiro. Alves deverá se apresentar semanalmente à justiça espanhola e está proibido de chegar a uma distância de menos de 1 quilômetro da vítima.
Advogada do jogador, Inês Guardiola havia proposto uma fiança de 50 mil euros (R$ 273 mil), além da entrega de passaportes e apresentação ao Tribunal Superior de Justiça da Catalunha.
De acordo com a defesa, a sentença ainda não tem caráter definitivo, e portanto, ele ainda possui presunção de inocência, conforme informações do jornal catalão El Periódico. Além da solicitação de liberdade, a advogada reitera o pedido de absolvição, alegando que o episódio configura sexo consensual e não estupro – ao contrário de indícios da perícia.
Daniel Alves defendeu sua posição: "Não vou fugir, acredito na Justiça", declarou, durante audiência em Barcelona, realizada nesta terça-feira. O caso deve ser decidido em breve pelo tribunal de Barcelona, segundo o jornal catalão.
Por outro lado, a promotora Elizabeth Jimenez, do Ministério Público espanhol, e a acusação da vítima pedem pela permanência do ex-jogador na prisão, pois avaliam que ainda há risco de fuga. Daniel Alves teve três pedidos de liberdade provisória negados pela Justiça catalã por conta da possibilidade de fuga para o Brasil.
Em fevereiro, um ex-companheiro de cela afirmou que o ex-atleta fugiria para o Brasil caso recebesse liberdade provisória. O homem relatou que Daniel Alves confessou um suposto plano de driblar as próximas etapas do processo penal aberto contra ele e fugir para o Brasil assim que sua defesa obtivesse a liberdade condicional.
"Se lhe derem [liberdade provisória] enquanto aguarda julgamento, ele aceita e vai para o Brasil", afirmou o ex-detento, que teve a identidade preservada na entrevista ao programa de televisão espanhol Fiesta, da rede TardeAR.
O documento oficial do Ministério Público, deste ano, apontou decisão de manutenção da medida de prisão provisória:
"A Procuradoria de Barcelona opõe-se ao pedido de liberdade formulado pela defesa de Daniel Alves e considera que a medida de prisão provisória acordada deve ser mantida, entendendo que ainda existe o risco de fuga, dada a natureza dos fatos, as elevadas penas que poderão ser aplicado pelo crime investigado e a profundidade do julgamento oral", diz o arquivo.
O MP e a acusação ainda reforçaram o pedido de aumento de pena maior do que a imposta. As penas pedidas pelo Ministério Público, de nove anos, e pela defesa da vítima, que exigiu 12 anos de detenção, foram desconsideradas no julgamento.
A sentença foi dada pela juíza Isabel Delgado na 21ª Seção de Audiência de Barcelona. O jogador terá uma pena de liberdade supervisionada de cinco anos, que será cumprida após o término da pena. Além disso, ele também terá que cumprir nove anos de afastamento da vítima, à qual ele deve pagar uma indenização de 150 mil euros (cerca de R$ 804 mil). O ex-jogador também deve pagar as custas do processo.
O jogador foi enquadrado na lei “só sim é sim”, aprovada em 2022 com o intuito de proteger mulheres de abusos sexuais.
Caso de estupro
O caso veio à tona no dia 31 de dezembro de 2022, quando o diário catalão ABC noticiou que Daniel Alves teria violentado sexualmente uma jovem na boate Sutton, em Barcelona. A mulher, de 23 anos, alegava ter sido agredida pelo jogador, que, inicialmente, afirmou não conhecê-la.
O processo teve início no dia 10 de janeiro de 2023, quando a Justiça espanhola aceitou a denúncia e começou a investigar o jogador. Ao longo do mês de fevereiro, Daniel mudou sua versão sobre o caso diversas vezes, desde negar qualquer relação com a vítima até admitir, posteriormente, que houve penetração, mas de forma consensual.
No dia 20 de janeiro, a juíza Maria Concepción Canton Martín decretou a prisão preventiva do jogador, alegando inconsistências em suas declarações e o risco de fuga. Daniel Alves teve três pedidos de liberdade provisória negados, sendo alegado risco de fuga.
Nesse período, surgiram novas evidências, como imagens das câmeras de segurança da boate mostrando Daniel Alves e a denunciante trancados no banheiro. Resultados de exames indicaram a presença do DNA do ex-jogador nas amostras intravaginais da vítima.
O julgamento de Daniel Alves ocorreu nos dias 5, 6 e 7 de fevereiro deste ano. O ex-atleta mudou de versão cinco vezes e condenado a 4 anos e 6 meses de prisão, com possibilidade de recurso.