O Bahia, que agora pertence ao grupo City, tem um novo treinador. Rogério Ceni já comandou o primeiro treinamento. O time está em 16º lugar no Brasileiro, com 22 pontos, apenas um a mais que o Santos, que fecha, no momento, a lista dos quatro que seriam rebaixados para a Série B em 2024.
A substituição do português Renato Paiva, antigo treinador, por Ceni, tem um paralelo com a história recente de outro gigante do futebol do Nordeste. Em 2018, o Fortaleza também apostou em Rogério e se deu muito bem. Em dois anos de trabalho, ele ganhou o campeonato cearense, a Copa do Nordeste e conseguiu o acesso para a Série A.
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O detalhe é que, como agora, o treinador havia sido demitido do São Paulo, o clube onde sua história no futebol foi construída.
E vai dar certo agora, como deu lá atrás?
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Ninguém pode afirmar, é claro, mas aquele trabalho de Ceni foi imenso. Além das conquistas esportivas, foi importante para que o clube avançasse em questões estruturais, como reforma e construção de centros de treinamento. Houve uma sinergia muito grande entre clube e treinador e as coisas andaram muito bem, com total êxito. Muito diferente do que aconteceu no Cruzeiro, onde ficou por apenas oito jogos e viu seu trabalho boicotado por jogadores como Dedé e Thiago Neves.
Rogério é uma pessoa inteligente, estudiosa, um trabalhador full time. E, fundamental, para que seu trabalho dê resultado e o Bahia se mantenha na elite ou - até quem sabe - consiga chegar à Sul-americana, é que o treinador seja, pelo menos neste primeiro momento, apenas treinador. Não foi o que aconteceu no São Paulo.
Respaldado por uma história inigualável no clube, ele passou a tomar decisões que não caberiam a ele. Uma delas foi dizer que não escalaria mais o volante Luan enquanto ele não renovasse contrato com o clube. Uma decisão que serviu apenas para atrapalhar seu relacionamento com o grupo de jogadores.
E aí, entra outro problema que Rogério Ceni precisa resolver. Ele tem um lado messiânico, acredita que todos precisam estar unidos sob seu comando e reclama quando isso não acontece. Reclama em público. Reclamou que os fisioterapeutas trabalhavam pouco. Reclamou de um médico que foi atender um jogador e saiu pelo lado mais perto em vez de demorar mais e segurar o jogo. Reclamou que Luan estava em posição errada ao marcar um belo gol contra o Santos, em chute de fora da área.
Se deixar o extra-campo com os dirigentes e souber administrar o grupo de jogadores em cobranças públicas, Rogério pode fazer um bom trabalho, salvar o Bahia e alavancar novamente sua carreira rumo aos grandes clubes do Brasil. E é bom trabalhar direito, porque está no fio da navalha. Se for rebaixado ou demitido antes do final do Brasileiro, terá de se contentar, por um tempo, em dirigir clubes médios e não os grandes do Brasil.