A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) vai promover uma campanha de combate ao racismo com a participação dos árbitros e dos atletas dos 20 times que disputam a competição durante as dez partidas da oitava rodada do Brasileirão deste final de semana. A frase “com o racismo não tem jogo” será estampada nos estádios.
Os jogadores que atuarão na oitava rodada do Brasileirão vão vestir camisas com a mensagem da campanha, que também estará nas faixas dos capitães, nas moedas utilizadas pela arbitragem a nas bolas dos jogos.
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Ataques racistas
A campanha da CBF será realizada após as ofensas racistas feitas ao brasileiro Vinícius Júnior, o Vini Jr., atacante do Real Madrid, no jogo contra o Valencia, no domingo passado (21), pelo Campeonato Espanhol. Um dia antes, o goleiro Caíque, do Ypiranga (RS), denunciou um torcedor do Altos (PI) que o chamava de "uva preta", em duelo da Série C do Brasileirão.
O caso mais recente de racismo envolvendo atletas brasileiros ocorreu na quarta-feira (24), na partida entre Santos e Audax Italiano, no Estádio El Teniente, em Rancágua, no Chile. Durante o jogo, válido pela quarta rodada da Copa Sul-Americana, o zagueiro Joaquim e o atacante Ângelo foram alvo de torcedores locais, com ofensas raciais e gestos imitando macacos.
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Em nota, o Santos informa que fez denúncia à Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), que ainda não se manifestou. Em março do ano passado, a Conmebol aumentou o peso das punições em casos de preconceito, após vários atos racistas contra brasileiros em partidas válidas pelos torneios continentais, durante o primeiro semestre. A multa mínima passou de R$ 150 mil para R$ 500 mil. O clube enquadrado ainda pode ter de atuar com as arquibancadas fechadas.
Protesto dos atletas
O mote da campanha também estará nas placas de publicidade ao redor dos campos. Uma das ações prevê manifestação dos atletas assim que o árbitro autorizar o início da partida. Eles vão sentar no gramado por 30 segundos em apoio à campanha.
A CBF publicará em suas redes sociais um vídeo com a participação de artistas e atletas se posicionando contra o racismo - as imagens serão exibidas também nos telões dos estádios.
A iniciativa partiu após os mais recentes casos de racismo envolvendo jogadores brasileiros, não só no país como no exterior.
"Essa é a mensagem potente que queremos passar para toda a sociedade. Com racismo, não tem jogo. Contamos com o apoio de cada torcedor. Racismo é um crime brutal e deve ser banido dos estádios. Basta de preconceito", afirmou o oresidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, primeiro negro e nordestino a comandar a entidade em mais de 100 anos de história.
Campanha no Brasileirão
A rodada do Brasileirão começará nesre sábado (27), com a realização de cinco jogos:
- Athletico-PR x Grêmio, às 16 horas, na Arena da Baixada;
- Fortaleza x Vasco, às 16 horas, no Castelão;
- Flamengo x Cruzeiro, às 18h30, no Maracanã;
- Cuiabá x Coritiba, às 18h30, na Arena Pantanal; e
- São Paulo x Goiás, às 21 horas, no Morumbi.
As outras cinco partidas serão disputadas no domingo (28):
- Corinthians x Fluminense, às 16 horas, na Neo Química Arena;
- Internacional x Bahia, às 16 horas, no Beira-Rio;
- Red Bull Bragantino x Santos, às 18h30, no Nabi Abi Chedid;
- Atlético-MG x Palmeiras, às 18h30, no Mineirão; e
- Botafogo x América-MG, às 19 horas, no Nilton Santos.
Pioneirismo
A CBF é a primeira entidade de futebol do mundo a adotar no Regulamento Geral de Competições a possibilidade de punir esportivamente um clube em caso de racismo. A novidade foi incluída no RGC de 2023 em fevereiro.
Desde o ano passado, a CBF faz uma série de campanhas de combate ao racismo no futebol. Em agosto, a entidade realizou o primeiro Seminário de Combate ao Racismo no Futebol e conta com um Grupo de Trabalho que discute de forma permanente o assunto.