Willi Egloff é o nome do advogado que representou a vítima de estupro do Escândalo de Berna, na Suíça. Na ocasião, Cuca e outros três jogadores do Grêmio foram acusados de estuprar uma adolescente de 13 anos, em 1987, durante excursão do Tricolor Gaúcho pelo país. Ao Uol Egloff rebateu as declarações de Cuca, em sua recente apresentação como técnico do Corinthians, de que não foi reconhecido e jamais teria tocado a menina.
“A declaração do Alexi Stival [Cuca] é falsa. A garota o reconheceu como um dos estupradores. Ele foi condenado por relações sexuais com uma menor”, declarou o advogado que à época foi contratado pela família da vítima, tendo sido uma das poucas pessoas que teve acesso aos autos do processo. A Justiça da Suíça confirmou, também ao Uol, que os documentos referentes ao caso estão em sigilo por 110 anos.
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Ao jornal Der Bund, da própria cidade de Berna, Egloff também afirmou que um exame realizado pelo Instituto de Medicina Legal da Universidade de Berna encontrou o sêmen do então jogador do Grêmio – e atual treinador do Corinthians – na vítima. Também confirmou que a adolescente tentou o suicídio após o estupro. O processo foi concluído em 1989 com a condenação dos quatro jogadores envolvidos.
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Após a repercussão do episódio que colocou o treinador em uma crise no seu novo clube, mesmo antes da primeira jogada, Cuca contratou advogados na Suíça para tentar limpar seu nome. Ele quer provar que não esteve envolvido no – assim chamado nos meios de comunicação – ‘ato sexual’. Ou melhor, no abuso físico, sexual e direto contra a adolescente.
De acordo com informações divulgadas na imprensa, o Corinthians teria tido acesso a documentos e estaria seguro para confiar na versão de Cuca. A contratação do treinador foi celebrada esportivamente em um primeiro momento, pois dada sua experiência e trajetória vencedora, Cuca chegou ao Corinthians como uma esperança para dar algum padrão de jogo à equipe, que faz anos tem deixado o seu torcedor preocupado, justamente pela falta de padrões táticos e organização dentro de campo.
No entanto, dado o episódio de Berna, a celebração da contratação logo deu lugar a uma crise no clube. Cuca recebeu uma série de manifestações de setores da comunidade corintiana, desde torcedores até uma carta do vitorioso time feminino do clube, rechaçando-o.
Amanhã (26), Cuca terá de vencer o Remo na Arena Corinthians, em São Paulo, por 3 gols de diferença, para avançar às oitavas de final da Copa do Brasil. No domingo (30), encara o forte rival Palmeiras, no Allianz Park, em jogo duríssimo para uma agremiação que encontra problemas dentro e fora de campo. Caso aconteçam, as derrotas esportivas podem agravar a crise e diminuir a paciência até mesmos daqueles setores que ainda estão defendendo-o ou se colocam ‘em cima do muro’.
O Escândalo de Berna
Em março de 2021, depois de mais de três décadas de silêncio, Cuca resolveu falar sobre a questão polêmica, conhecida como o “escândalo de Berna”, em entrevista exclusiva para Marília Ruiz, colunista do UOL.
“Eu preciso dar um basta nisso. Claro que essa história me incomoda demais. Não posso virar bandido depois de 34 anos. Resolvi juntar minha mulher e minhas duas filhas para falar desse caso de 12.400 dias atrás porque sou inocente”, declarou o técnico.
“Não fui julgado e culpado. Fui julgado à revelia, não estava mais no Grêmio quando houve esse julgamento com os outros rapazes. É uma coisa que eu tenho uma lembrança muito vaga, até porque não houve nada. Não houve estupro como falam, como dizem as coisas. Houve uma condenação por ter uma menor adentrado o quarto. Simplesmente isso. Não houve abuso sexual, [não houve] tentativa de abuso ou coisa assim”, garantiu
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Em julho de 1987, o então atacante Cuca, o ex-goleiro Eduardo, o ex-zagueiro Henrique e o ex-atacante Fernando foram presos em um hotel suíço. A acusação? Violência sexual contra pessoa vulnerável, que era uma adolescente de 13 anos. A menina foi ao hotel pedir camisetas aos jogadores e acabou tragada ao quarto dos astros, onde o crime ocorreu.
Os quatro ficaram cerca de um mês presos no país europeu. Após intervenção diplomática, todos acabaram libertados e retornaram ao Brasil. Porém, dois anos depois, foram julgados e condenados - não à revelia como Cuca afirmou, mas defendidos por advogado contratado pelo Grêmio. Para Cuca, a pena foi de 15 meses de detenção, que prescreveu antes de ser cumprida.
Cuca se explica na coletiva
Logo que assumiu o comando técnico do Corinthians, Cuca contestou as acusações: “Sou uma pessoa do bem, vivo numa família de mulheres, 90% da minha família são mulheres. Esse episódio de 1987 precisa ser explicado. Eu estava no Grêmio havia duas ou três semanas apenas, não conhecia ninguém. Eu jamais toquei numa mulher indevidamente ou inadequadamente. Sou um cara de cabeça e consciência tranquilas. Tenho a consciência tranquila”, ressaltou o técnico.
Para relembrar a entrevista, já que o tema voltou à tona com o anúncio da contratação de Cuca pelo Corinthians, Marília fez uma postagem sobre o caso.
“No mundo que ignora o que diz a vítima, eu leio, apuro e relato: ela nunca reconheceu Cuca como agressor. Eu não estava lá, mas considero o testemunho dela, apesar de o julgamento à revelia ter condenado Cuca e outros jogadores há 36 anos”, tuitou.