No começo deste ano o jogador de futebol Jakub Jankto, que é meia da seleção tcheca e do Sparta Praga, fez história ao assumir a sua homossexualidade. Sendo o mundo desportivo profundamente machista e homofóbico, o ato de Jankto foi aplaudido pela sua coragem. No entanto, ele pode estar pagando um preço por isso.
Levantamento do UOL Esportes mostra que, um mês e meio após revelar a sua homossexualidade, Jankto perdeu espaço no seu time e não foi convocado para jogar na seleção da República Tcheca para os dois primeiros compromissos do ano, contra a Polônia e Moldávia. Além disso, ele foi enviado para o banco de reservas do seu time, o Sparta Praga.
Coincidência ou homofobia?
Desde que revelou a sua orientação sexual, Jankto participou de quatro das cinco partidas disputadas pelo seu time. Em nenhuma delas permaneceu por mais de 30 minutos.
Antes de se assumir gay, o jogador vivia uma situação bem diferente: ele era titular absoluto e chegou a emendar oito rodadas consecutivas, isso antes da pausa para a Copa do Mundo no Qatar-2022.
Apesar dessa situação ocorrer após Jankto se assumir, críticos do mundo esportivo afirmam que não é possível afirmar que se trata de homofobia, pois, a ausência do atleta em campo estaria relacionada a uma lesão sofrida em outubro.
Jankto se assume gay
Ao se assumir, o jogador disse que quer "viver sem medo". "Igual todo mundo, eu também quero viver minha vida em liberdade. Sem medos. Sem preconceitos. Sem violência. Mas com amor. Sou homossexual e não quero mais me esconder", declarou à época o jogador.
O ato de coragem de Jakub, visto que o mundo do futebol ainda é repleto de homofobia e machismo, recebeu o apoio de vária entidades, entre elas, a Fifa, Uefa e Premier League.
"Muito bem, Jakub. Você é uma verdadeira inspiração, e o futebol europeu está com você", declarou a Uefa. "Estamos todos com você, Jakub. O futebol é para todo mundo", disse a Fifa.
"Quero seguir como jogador de futebol"
Em entrevista ao jornal espanhol "Marca", Jakub Jankto falou pela primeira vez sobre a sua orientação sexual. Na conversa, o jogador afirmou que torce para que "tudo continue como se nada tivesse acontecido".
"Espero que tudo continue como se nada tivesse acontecido. Quero seguir em frente como jogador de futebol, não como gay. Não sei o que vai acontecer no futuro, mas com certeza podemos ajudar e dar um bom exemplo", disse Jakub.
O atleta também comentou como foram as semanas subsequentes ao seu anúncio. "Estou muito bem. Foram três semanas difíceis, principalmente a primeira, porque eu não sabia o que esperar. Mas as reações foram perfeitas na República Tcheca, na Espanha, na Itália... Com certeza isso ajuda muito a continuar a viver e a focar no futebol, que é o que vem primeiro para mim", disse.
Antes do anúncio público, o jogador conta que conversou com a família e com o seu time. "No ano passado, meus pais e minha ex-esposa foram os primeiros a saber. Há alguns meses, disse aos jogadores e ao treinador e conversamos sobre isso. Eles me disseram que não havia problema", revela Jakub.