A contagem de gols de Pelé é um enigma que persiste no mundo do futebol, dividindo opiniões e alimentando debates acalorados entre os fãs. O Rei, como é carinhosamente chamado, reivindica a impressionante marca de 1283 gols em sua carreira, uma cifra respaldada por seu próprio livro de recordes. No entanto, existe uma discordância notável, com alguns observadores insistindo em um número ligeiramente inferior, 1281.
A grande controvérsia se instala quando a FIFA, a entidade máxima do futebol, entra em cena. De acordo com os critérios da federação, a contagem oficial de gols de Pelé é de "apenas" 767. A explicação reside no fato de que a federação exclui jogos considerados "não-oficiais", como amistosos, da sua contagem. Este critério coloca Pelé em uma posição aparentemente desvantajosa em comparação com os atuais gigantes do futebol, como Cristiano Ronaldo, Lionel Messi, Josef Bican, e Romário, que superam a marca de 767 gols.
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Contudo, é essencial compreender as nuances que cercam essa contagem controversa. A FIFA não considera jogos não-oficiais, mas não leva em conta a importância dos campeonatos da época, nem a falta de documentação adequada. A ausência de registros visuais, devido à limitada tecnologia da época, contribui para a incerteza e acentua a dificuldade em determinar com precisão o número de gols de Pelé.
Uma parte significativa dos gols "não-oficiais" de Pelé foi marcada durante as famosas excursões internacionais do Santos na década de 60. Estes amistosos, muitas vezes contra grandes clubes europeus como Barcelona, Inter de Milão e Real Madrid, eram uma fonte crucial de receitas para o clube brasileiro, que contava com estrelas como Coutinho, Pepe, Zito, e, é claro, Pelé, todos integrantes da seleção brasileira.
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É importante destacar que o Santos, em função das necessidades financeiras, por vezes negligenciava competições importantes, como a Copa Libertadores. Portanto, a contagem "não-oficial" de gols de Pelé não reflete fraqueza de adversários ou falta de peso nas partidas, mas sim o contexto específico do futebol daquela época.
Um aspecto peculiar é a inclusão de gols marcados contra times das Forças Armadas e do Sindicato dos Atletas, totalizando 14 gols. Esses confrontos, mesmo não sendo considerados oficiais, proporcionam uma narrativa curiosa, como a experiência de Pelé servindo nas Forças Armadas do Brasil, uma história digna de relato.
Entre os diversos feitos de Pelé, um destaca-se como um conto épico não registrado em vídeo. Durante uma vitória do Santos sobre o Juventus, em 1969, Pelé teria marcado o gol mais bonito de sua carreira, conforme relatos de testemunhas. Um lance tão lendário que foi reconstruído através de computação gráfica. Quatro chapéus em rivais diferentes, inclusive no goleiro, antes de marcar de cabeça.
Pela seleção brasileira, Pelé acumula 95 gols, mas, novamente, a FIFA reduz esse número devido à exclusão de jogos não-oficiais. Nesse critério o Rei teria 77 gols, Neymar, que alcançou o recorde de 77 gols na Copa do Mundo de 2022 contra a Croácia, já superou esta marca e hoje tem 79 gols com a camisa da amarelinha.
Em suma, a contagem de gols de Pelé é mais do que uma simples estatística; é uma narrativa complexa entrelaçada com a história do futebol. Enquanto números frios podem não refletir todas as nuances, uma coisa é inegável: Pelé permanece como o maior jogador de todos os tempos, independentemente das controvérsias que cercam seus gols.