O ex-jogador e atualmente comentarista, Walter Casagrande Jr., marcou presença na cerimônia desta quinta-feira (11), quando foram lidas duas cartas em defesa da democracia, na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).
Apesar de ter trabalhado 25 anos na Rede Globo, Casão nunca escondeu suas posições progressistas - já declarou voto em Lula (PT) em 2022 - e criticou a postura de grande parte dos jogadores de futebol, alienados politicamente e se comportando como se vivessem em um mundo paralelo.
Em artigo, publicado nesta sexta (12), na Folha de S.Paulo, Casagrande voltou a abordar a questão. O título “O futebol se esconde quando é preciso lutar pela democracia” define bem o pensamento do ex-jogador.
Casão conta que chegou ao Largo São Francisco às 8h30. “Vi todas as pessoas, figuras públicas ou não, chegando ao local. E me veio um filme na cabeça quando percebi que todo aquele espaço, tanto fora quanto dentro da faculdade, começou a lotar de gente”, diz o texto.
“Logo entendi que aquilo iria ficar para a história, porque já tinha a experiência dos comícios das Diretas Já. Há 38 anos, enquanto vivenciava aquele momento, nem imaginava o quanto aquela noite ficaria marcada para sempre. Mas hoje fui percebendo isso em tempo real, no mesmo instante”, destaca.
Em seguida, ele registra o fato que constatou ao longo de sua presença na USP: “Representantes da imprensa do mundo todo estavam lá, além de músicos, ativistas, jornalistas, juristas, grupos antirracistas e pela democracia, de modo geral. E poucos representantes do futebol. Nenhum dirigente ou jogador atual”.
“É claro que há aqueles que lutaram pela democracia que, por motivos particulares, não puderam ir, mas, mesmo que fossem, seríamos pouquíssimos representantes do esporte do povo. Ou será que não é mais do povo?”, questiona Casão.
Na sequência, ele menciona seu grande amigo Sócrates: “Confesso que me incomodou muito não encontrar ninguém do futebol. Cruzei com o filho do Magrão, o Gustavo, que é advogado e trabalha com o futebol, mas nada de ex-jogadores e dirigentes”.
Casão critica Jair e Michelle Bolsonaro
Casagrande ressalta, ainda, a relevância do evento e aproveita para “alfinetar” Jair Bolsonaro (PL): “A leitura da carta foi emocionante, do mesmo modo que nos emocionamos cantando o nosso hino, o Hino Nacional do povo brasileiro – e não só de alguns, como o presidente da República tenta fazer crer. A bandeira também é nossa, assim como as cores verde, amarelo, branco e azul”.
O comentarista também critica sutilmente Michelle Bolsonaro. “Vimos representantes de várias religiões em perfeita harmonia e civilidade, donos de comportamentos respeitosos entre eles e sem preconceitos idiotas, como já demonstrou ter a primeira-dama. Nesse dia não houve cor, raça, classe social, gênero ou profissão que nos separassem: estávamos todos unidos pela mesma luta e com a mesma importância”.
Casagrande volta a lembrar de Sócrates: “Pensei que o Magrão estaria junto comigo nessa, como sempre estivemos para lutar e defender a nossa democracia. Acho que demos o pontapé inicial para várias manifestações populares pelo Estado Democrático de Direito”.
Casão encerra o texto em grande estilo: “Foi lindo, emocionante, empolgante e irá ficar para a história. Vamos em busca de uma vitória histórica nas eleições de outubro, o que significa, antes de mais nada, o respeito ao resultado das urnas. Tenho fé. Tenho fé, na voz do Mano Brown”.