Após tanto tempo aguardando o posicionamento da organização da Copa do Mundo Catar sobre a possibilidade de se usar bandeiras dos movimentos LGBTQIA+ nas arquibancadas e no entorno dos estádios durante o evento, finalmente as autoridades locais se pronunciaram sobre o assunto e anunciaram a decisão, que para muitos não foi surpresa alguma.
Esta semana, o militar que ocupa o posto mais alto na hierarquia das forças de segurança do pequeno reino ditatorial árabe, o major-general Abdulaziz Abdullah Al Ansari, responsável por resguardar a ordem no país, durante uma entrevista à agência Associated Press, disse que os torcedores dessa comunidade são bem-vindos no Catar, podem fazer o que bem entenderem na privacidade, mas não poderão portar e ostentar símbolos LGBTQIA+ “para sua própria segurança”.
“Se um torcedor levantou a bandeira do arco-íris e eu a peguei dele, não é porque eu realmente quero insultá-lo, mas sim para protegê-lo. Porque se não for eu, alguém ao redor dele pode atacá-lo. Não posso garantir o comportamento de todo o povo. E eu direi a ele: 'Por favor, não há necessidade de levantar essa bandeira neste momento’”, falou o oficial.
A resposta oficial para “o problema” parece vir sob medida, já que esta seria uma maneira das autoridades locais não permitirem qualquer tipo de militância que esbarre nos costumes ultraconservadores da população e ainda sob a alegação de que fazem isso para preservar a integridade dos visitantes.
Para reforçar essa posição, o major-general chegou até a “fazer concessões” que vão muito além da habitual verborragia contra qualquer orientação sexual que não seja a dos heterossexuais, argumentando que os moradores do Catar não deixarão de seguir a religião islâmica, e de respeitar os ditames da sharia, só porque há um campeonato da FIFA lá.
“Reservem o quarto juntos, durmam juntos... Isso é algo que não é da nossa conta. Estamos aqui para administrar o torneio. Não vamos além das coisas pessoais individuais que podem estar acontecendo entre essas pessoas... esse é realmente o conceito. Aqui não podemos mudar as leis. Você não pode mudar a religião por 28 dias de Copa do Mundo”, falou Al Ansari.
Por fim, ele exortou que os manifestantes da causa LGBTQIA+ deixem para levantar bandeiras em países onde isso seja aceitável.
“Você quer demonstrar sua visão sobre o movimento, demonstre-a em uma sociedade onde ela será aceita. Assista ao jogo. Isso é bom. Mas não venha e insulte toda a sociedade por causa disso”, disse o militar, encerrando o assunto.