A bofetada dada por Will Smith no humorista Chris Rock em plena cerimônia do Oscar, ao vivo para todo o planeta, tomou conta dos noticiários desde a noite de domingo (27). No entanto, o que pouca gente sabia até então era que o tapa na cara é um esporte. Sim, estapear a face de um adversário, com regras e árbitros, é uma modalidade que conta com campeonato, ligas e que tem até suas estrelas, os “craques da bifa”.
As buscas por termos que se referem à pratica, assim como o acesso aos vídeos de competição no YouTube, que são inúmeros, cresceram muito e fizeram com que a imprensa precisasse explicar que as bordoadas são uma prática de competição mundo afora.
Muito popular na Rússia, Polônia e EUA, o chamado “face slapping”, ou “slap fighting”, ou ainda “slap in the face”, é uma prática em que um competidor esbofeteia a cara de seu concorrente. Na regra russa, país onde o esporte é mais praticado, só pode ser usada a parte do meio da mão para a ponta dos dedos. É absolutamente proibido bater com o punho, assim como acertar o queixo, orelhas e os olhos.
Cada atleta tem direito a cinco tapas, de forma alternada, e não é incomum que alguns caiam nocauteados após o fortíssimo sopapo. Na maior parte das competições realizadas nos EUA e na Europa, os participantes são obrigados a realizar um exame de tomografia do crânio que mostre tudo ok com o cérebro, assim como outros exames para doenças transmissíveis, sobretudo pelo sangue, já que também não é raro alguém sair ferido nos campeonatos.
Os árbitros da competição ficam a uma distância de 60 a 70 centímetros da mesa onde os competidores se estapeiam, conferindo se ninguém tira um dos pés do chão e se não gira o quadril, movimentos considerados irregulares. Para saber se nenhuma área proibida do rosto do adversário foi atingida, os dois participantes passam a mão num saco com pó de magnésio, que deixa as marcas no local acertado.
Campeões e “craques da bifa”
O atual campeão do mundo de “slap figthing” é o russo Vasily Kamotsky, conhecido pelas violentíssimas pancadas que acerta de forma precisa e devastadora a cara dos adversários. Kamotsky levou o último mundial em 2020 vencendo um brasileiro também muito respeitado na modalidade, Wagner da Conceição Martins, o Zuluzinho, filho da lendária figura do vale-tudo Rei Zulu.
Os competidores de tapa na cara são normalmente praticantes de artes marciais ou frequentadores de academia que pegam pesado para manter o corpo forte e musculoso. No entanto, iniciar uma prática do tipo requer muito cuidado e consciência dos riscos, sem jamais se lançar na atividade em competições amadoras e sem estrutura. No Brasil, recentemente, foi criada a Federação Brasileira Slap in the Face, que já organiza competições profissionais no país, como a disputa que acontecerá no Arnold South America, uma competição de fisiculturismo, em São Paulo, no final de abril.
Veja a final do Mundial de 2020 entre Kamotsky e Zuluzinho: