A Mastercard, nesta terça-feira (8), deu início ao que pode ser uma debandada de patrocinadores da Copa América. Nesta quarta-feira (9), a cervejaria Ambev, que detém a produção de cervejas como Brahma, Skol, Antártica, Budweiser, Corona e Stella Artois, seguiu a operadora de cartões de crédito e decidiu retirar a exposição de suas marcas durante o torneio de futebol.
Ambas as empresas mantiveram o patrocínio junto à Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), mas optaram por não aparecerem nas publicidades dos jogos.
As desistências da Mastercard e da Ambev de exporem as marcas na competição vêm em meio à crise na Confederação Brasileira de Futebol (CBF) que, em articulação com o governo Bolsonaro, topou oferecer o Brasil como sede do campeonato em pleno descontrole da pandemia do coronavírus após a desistência de outros países cotados para receber o evento.
Jogadores e comissão técnica da seleção brasileira, apesar de já terem topado participar da competição, demonstraram descontentamento com o fato do Brasil, que já soma quase 500 mil mortes por Covid-19, sediar o campeonato.
Nesta quinta-feira (10), o Supremo Tribunal Federal (STF) julgará ações que pedem o cancelamento do campeonato por conta do risco de agravamento da pandemia. O primeiro jogo do torneio, entre Brasil e Venezuela, está marcado para o próximo domingo (13), a partir das 18h.
A crise na CBF ainda foi intensificada após o então presidente da entidade, Rogério Caboclo, ser afastado provisoriamente por conta de denúncias de assédio sexual feitas por uma funcionária.
Investigação do MPF
A realização da Copa América no Brasil despertou, também, a preocupação do Ministério Público Federal (MPF), que resolveu promover uma ação coordenada para investigar a CBF, os estados e municípios que vão abrigar a competição, além do SBT e da Disney (canais ESPN e Fox Sports), que transmitirão os jogos.
Até as empresas que patrocinam a competição também serão objeto das ações: Mastercard, Ambev, Latam, Semp TCL, Diageo, Kwai, Betsson e TeamViewer21, além de Betfair22.
Carlos Alberto Vilhena, subprocurador da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, foi o responsável por expedir ofícios aos procuradores dos estados de Goiás, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Distrito Federal “exortando-os” à abertura de procedimentos de investigação.
A CBF e as empresas envolvidas na realização da competição deverão ser investigadas por “atos violadores dos direitos à vida e à saúde”.
Os governadores e prefeitos deverão responder por contribuir com as violações ou “ao menos” por se omitir “do dever de prevenção a condutas transgressoras de direitos humanos no contexto de atividades empresariais e do dever de proteção contra comportamentos atentatórios a mencionados direitos fundamentais”.
A ideia da ação surgiu do Grupo de Trabalho de Direitos Humanos e Empresas da procuradoria. Os integrantes defendem que a apresentação de planos estruturados pela CBF e pela Confederação Sul-Americana de Futebol (Comenbol), que organizam a Copa América, não garantem que não haverá propagação do coronavírus.
Na avaliação dos procuradores, a realização Copa América no Brasil coloca em risco a saúde dos trabalhadores: profissionais de futebol, equipe técnica, jornalistas, equipes de televisão e rádio, trabalhadores dos estádios, segurança e serviços auxiliares.