Membros de torcidas antifascistas de clubes de futebol têm realizado, nos últimos dias, uma série de protestos simbólicos, em todo o país, contra a realização da Copa América em meio ao descontrole da pandemia do coronavírus.
A decisão de fazer a Copa América no Brasil foi acertada em reunião entre representantes da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o ministro da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro, general Luiz Eduardo Ramos. Após o cancelamento do campeonato na Colômbia, em razão dos protestos políticos no país, e na Argentina, devido à restrições sanitárias, Bolsonaro pediu prioridade ao ministro para trazer o campeonato ao Brasil.
Os torcedores têm usado faixas com a frase "contra a copa da morte" para se manifestar em frete a estádios e entidades representativas do futebol em diferentes cidades. A página Antifa Hooligans BR no Instagram compilou em uma postagem registros de protestos em frente à Federação Gaúcha de Futebol (FGF), Federação Paulista de Futebol (FPF), estádio Beira-Rio, em Brasília, entre outros lugares.
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Além disso, o movimento Juntos!, do PSOL, realizou na noite desta sexta-feira (4) um protesto em frente ao hotel em que estava hospedada a seleção brasileira de futebol antes da partida contra o Equador pelas eliminatórias da Copa do Mundo, em Porto Alegre (RS). "Vista a camisa do povo brasileiro. Não jogue a Copa", dizia a faixa erguida pelos manifestantes.
Jogadores e Tite sinalizam serem contra
A CBF já trabalha com a possibilidade, cada vez mais concreta, de que o técnico Tite peça demissão após a partida contra o Paraguai, terça-feira (8), pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo. Nos bastidores, o nome de Renato Gaúcho começa a ganhar força.
A crise provocada pela transferência da Copa América para o Brasil pode representar o ponto final na história de Tite na seleção. O tom usado pelo treinador nas respostas à imprensa, durante coletiva na sexta (4), reforçou a ideia de que a ruptura está próxima.
Os líderes do grupo de jogadores, entre eles Alisson, Thiago Silva, Casemiro e Neymar, já se manifestaram contrários à competição no Brasil e o elenco teve reuniões tanto com a comissão técnica, quanto com o dirigente. Tite e equipe se posicionaram em favor dos atletas.
Abaixo-assinado
Foi lançado, nesta quarta-feira (3), um abaixo-assinado que tem como objetivo pressionar autoridades brasileiras a cancelarem a realização da Copa América no Brasil. A iniciativa partiu de parlamentares do PSOL e, em pouco mais de 24 horas, o manifesto contra a realização do torneio esportivo no país reuniu mais de 30 mil assinaturas.
No manifesto que acompanha o abaixo-assinado, os deputados do PSOl afirmam que o torneio “pode representar um risco adicional a gravíssima situação do Brasil, que tem no negacionismo o norte que orienta as ações do governo no enfrentamento da pandemia. Para além dos riscos trazidos pela circulação das delegações, os organizadores do evento trabalham para que a final da Copa América seja realizada com a presença do público, apontando o Rio de Janeiro como sede da última partida”.
“Nesse momento, a prioridade do governo federal deveria ser a aquisição de vacinas e a testagem em massa da população, e não a organização de um evento esportivo internacional. A Copa América pode piorar ainda mais a pandemia no Brasil”, escrevem ainda.
Randolfe quer convocar presidente da CBF à CPI do Genocídio
O vice-presidente da CPI do Genocídio, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), quer convocar o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para que ele preste esclarecimentos à comissão sobre a realização do campeonato.
“Não temos a menor condição de sediar uma Copa neste momento de pandemia no país! Sou amante do futebol, mas sou defensor da VIDA! Se o Presidente tivesse tido essa agilidade p/ responder à Pfizer como foi com a Conmebol, certamente poderíamos estar recebendo esse evento”, disse Randolfe.