Advogado x filhas: a guerra judicial pela marca Maradona

Matías Morla, que trabalhou como representante do craque em seus últimos anos, possui estranho documento que concede a ele o direito sobre 60 marcas relacionadas ao ex-atleta; filhas mais velhas tentam contestá-lo, mas não têm o apoio dos irmãos fora do matrimônio

Diego Maradona, entre suas duas filhas mais velhas, Gianinna e Dalma (foto: Página/12)
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A briga pelos direitos sobre o legado de Diego Armando Maradona se transformou em uma guerra judicial que parece estar apenas no começo e pode durar bastante. O craque tinha 60 marcas registradas ligadas à sua figura: Maradona, El Diez, Diegol, D10S, Mano de Dios, entre outras. O que está em disputa agora é quem passará a faturar com o uso dessas marcas.

Segundo reportagem do diário Página/12, por enquanto, a justiça argentina reconhece um documento que concede esses direitos ao advogado Matías Morla, que trabalhou como representante de Maradona durante os últimos anos de sua vida. No entanto, há várias situações estranhas a respeito dessa concessão – como o fato de que ela foi entregue gratuitamente ao advogado.

A versão de Morla é que ele foi quem registrou as marcas e trabalhou para criar diferentes linhas de produtos com nomes ligados ao ídolo argentino. Também afirma que Maradona assinou um contrato em 2018, quando vivia em Dubai, no qual concordaram em dividir todo o lucro referente às marcas em duas metades iguais (a do advogado e a do ex-jogador).

Aqui começa outra controvérsia. A parte do ex-jogador, segundo o contrato mencionado por Morla, deveria ser dividida igualmente entre todos os seus filhos e filhas, o que inclui Dalma e Gianinna, as filhas do primeiro casamento de Maradona, e os ao menos cinco filhos que ele assumiu depois, e que marcaram um rompimento de relações na família – as mais velhas nunca aceitaram que o pai assumisse seus irmãos fora do casamento, consideraram uma ofensa à sua mãe, e deixaram de falar com ele por causa disso.

O problema é que, agora, para contestar o documento de Morla, Dalma e Gianinna precisam do apoio dos irmãos que elas não queriam que o pai reconhecesse. O argumento do advogado é de que elas não representam todos os herdeiros de Maradona, e portanto não podem contestar seu documento.

A questão das marcas também pode criar problemas no futebol argentino, já que a AFA (Associação de Futebol Argentina) pretendia mudar o nome do campeonato nacional de futebol para Copa Diego Maradona. Também existe um projeto para um museu dedicado ao ex-jogador, o qual incluiria até mesmo uma iniciativa para embalsamar o seu cadáver para ser exposto para visitação.

Na entrevista ao Página/12, Morla disse que “não havia nada sendo feito com as marcas. A decisão de fazer algo com elas foi minha e do Diego (Maradona). Começamos do zero. Ele entendeu isso e pensou nisso como algo que poderia deixar para os filhos no futuro”.

A reportagem não conseguiu uma declaração oficial dos advogados de Dalma e Gianinna. Os demais filhos tampouco se manifestaram até o momento sobre se apoiarão algum dos lados nessa disputa.