A jogadora de vôlei de praia Carol Solberg, denunciada no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) por ter gritado “Fora Bolsonaro” após uma partida do Circuito Brasileiro da modalidade, já tem quem a defenda.
Segundo nota publicada pelo jornalista Juca Kfouri, em seu blog no UOL, o advogado da atleta será ninguém menos que Felipe Santa Cruz, presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
A denúncia contra Solberg, feita pela Procuradoria do STJD, a enquadrou em dois artigos do CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva): o 191 (“deixar de cumprir, ou dificultar o cumprimento de regulamento, geral ou especial, de competição”) e o 258 (“assumir qualquer conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva não tipificada pelas demais regras deste Código”).
Assim como a jogadora, Felipe Santa Cruz é conhecido por suas críticas costumazes a Jair Bolsonaro, especialmente no que diz respeito à sua falta de decoro e seus atropelos às normas democráticas. Em abril deste ano, por exemplo, afirmou que a caneta do presidente tem “tinta criteriosa, só assina confusão, desinformação e ameaças veladas”.
Também é comum que ele seja alvo do próprio mandatário e de seus seguidores. No ano passado, o próprio Bolsonaro tentou intimidá-lo, dizendo que “um dia, se ele quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar [forma como o presidente se refere à ditadura militar], eu conto pra ele, ele não vai querer ouvir a verdade”.
Fernando Santa Cruz, pai de Felipe, foi estudante de Direito da UFF (Universidade Federal Fluminense), funcionário do Departamento de Águas e Energia Elétrica, em São Paulo e Integrante da Ação Popular Marxista-Leninista. Em fevereiro de 1974, ele foi sequestrado por agentes do DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna), um dos órgãos responsáveis pela repressão a opositores durante a Ditadura Militar brasileira (1964-1985).
Segundo as conclusões do relatório final da Comissão Nacional da Verdade, produzido em dezembro de 2014, Fernando Santa Cruz Oliveira foi “preso e morto por agentes do Estado brasileiro e permanece desaparecido, sem que os seus restos mortais tenham sido entregues à sua família. Essa ação foi cometida em um contexto de sistemáticas violações de direitos humanos perpetradas pela Ditadura Militar instaurada no Brasil em abril de 1964”.