Alvo de tentativas de privatização desde os tempos de Fernando Henrique Cardoso, os bancos públicos serão usados por Lula em sua principal função social: frear a ganância das instituições privadas, que impõem juros estratosféricos em empréstimos a trabalhadores.
A busca por crédito, especialmente o consignado - geralmente contratado sem avalista e com parcelas descontadas diretamente em folha de pagamento ou benefícios -, tem turbinado os lucros dos bancos privados.
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Nesta sexta-feira (7), o Bradesco anunciou um lucro de R$ 19,554 bilhões no ano de 2024, marcando um crescimento de 20% em relação ao ano anterior. Somente em empréstimos, o banco somou R$ 981,692 bilhões em dezembro, crescendo 4,0% em relação ao trimestre anterior e 11,9% na comparação anual.
No entanto, Lula pretende forçar os bancos privados a baixarem os juros do empréstimo consignado colocando as duas instituições estatais com forte atuação nesse mercado.
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Diferentemente do que havia sido por governos anteriores, Lula não pretende colocar um teto de juros a ser cobrado nesse tipo de crédito.
No entanto, o presidente e sua equipe econômica, liderada por Fernando Haddad no Ministério da Fazenda, vão jogar os juros no piso máximo nos empréstimos consignados pelo BB e pela Caixa.
O objetivo é usar as instituições públicas para fazer aquilo que é pregado pelos neoliberais: alimentar a concorrência no setor para baixar os juros dos bancos privados.
A expectativa é elevar para R$ 120 bilhões os atuais R$ 40 bilhões que estão na carteira de crédito privado.
Esse tipo de empréstimo, fornecido pelos bancos privados especialmente a trabalhadores com carteira assinado, é usado principalmente para aquisição de bens duráveis, como automóveis, e serve para girar a economia - além de ser utilizado para pagamentos de dívidas.
A sanha dos bancos privados é tanta pela modalidade que o presidente do Santander, Mario Leão, estima que esse tipo de crédito possa atingir R$ 200 bilhões.
Lula, no entanto, pretende fortalecer a Caixa e o BB como players na disputa desse mercado.
Em reunião com presidentes das duas instituições públicas, o presidente afirmou que quer criar e estimular produtos para pequenos empreendedores, setor que mais contrata e onde gira a roda econômica.
Além disso, Lula pediu ao BNDES novas alternativas de crédito para compra de imóveis e investimentos em infraestrutura e no parque industrial brasileiro.
A ideia é fazer o dinheiro circular dentro do país, combatendo a especulação com os juros e a compra de moedas estrangeiras, especialmente o dólar.
"A hora que o dinheiro começa a circular na mão das pessoas, ninguém aqui vai comprar dólar nem depositar no exterior, vão comprar comida, roupa, material escolar e vão melhorar a vida da cidade de vocês", disse Lula durante ato na Bahia nesta sexta-feira (7).