O dólar fechou nesta quarta-feira (22) em baixa de 1,4%, chegando a R$ 5,9465. Foi a primeira vez no ano que a moeda estadunidense encerrou o pregão abaixo de R$ 6 e é o menor valor desde 27 de novembro de 2024.
Alguns fatores ajudariam a explicar o movimento de queda. Segundo o Valor Econômico, o chefe de câmbio da HCI Invest, Anilson Moretti, aponta que o fluxo positivo de investimentos estrangeiros na bolsa tem sido um dos principais responsáveis pela recente valorização do mercado. "Essa movimentação positiva, aliada à atuação do Banco Central com leilões diretos, tem ajudado a conter pressões sobre o valor do dólar", diz ele, em nota.
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Investidores estrangeiros injetaram mais de R$ 9 bilhões na bolsa brasileira nos dias 16 e 17 de janeiro. De acordo com dados da B3, bolsa de valores do mercado de capitais brasileiro, as entradas nesses dias foram, respectivamente, de R$ 6,513 bilhões e R$ 2,92 bilhões. O fluxo de capital estrangeiro passou a ser positivo pela primeira vez em 2025, acumulando R$ 3,621 bilhões em janeiro.
"Agora, com a entrada de fluxo estrangeiro e a expectativa de continuidade desse movimento, o dólar tem apresentado um comportamento de ajuste, podendo alcançar valores ao redor de R$ 5,82, ou até R$ 5,81 até o final de março, caso o fluxo de capital estrangeiro permaneça forte", pontua ainda Moretti.
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O economista e secretário-executivo do Conselho Nacional De Desenvolvimento Industrial, Uallace Moreira, em postagem no X, também falou sobre a redução de valor da moeda estadunidense. "Dólar cai para R$ 5,94. Crise? 'O alívio foi global, mas mais forte nos mercados da América Latina, com o câmbio brasileiro se destacando entre todas as 33 moedas mais líquidas.' Lembrete: redução de 75% do déficit primário entre 2023 e 2024", publicou.
Moreira também comentou o fluxo de investimentos do exterior. "Já viram 'país em crise' atrair investimento estrangeiro na bolsa e estar entre os 5 principais países no mundo que mais recebe investimentos estrangeiros diretos, inclusive greenfield?", questionou.
A queda do dólar na cena política
A movimentação do câmbio também repercutiu no mundo político. A presidenta nacional do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) se manifestou por meio das redes sociais.
"Dólar negociado hoje abaixo da 'linha psicológica' dos R$ 6. Os espertos que venderam por mais de R$ 6,30 nas últimas semanas de 2024 ganharam muito dinheiro, mas o país perdeu muito mais com a especulação desenfreada dessa gente. E vai perder por mais tempo, porque ela serviu para pressionar pela alta ainda maior dos juros", disse a parlamentar. "Hoje tem até banqueiro brasileiro reconhecendo na mídia que 'problema fiscal do Brasil é pequeno', mas não era isso que diziam quando pressionavam (e continuam pressionando) por cortes nas políticas sociais e investimentos do governo Lula."
Outra deputada federal, Luizianne Lins (PT-CE), também postou sobre o tema. "Foi só o sabotador da economia brasileira Campos Neto sair da Presidência do Banco Central que a cotação do dólar volta a cair abaixo de 6 reais e a bolsa receber o maior volume de recursos estrangeiros dos últimos 20 anos. Perspectivas boas para a economia nos próximos meses", avaliou.