250 BILHÕES DE DÓLARES

Haddad avança em seu projeto global para taxar os super-ricos: "Consenso"

Ministro da Fazenda lidera iniciativa no âmbito do G20 que visa angariar recursos para acabar com a fome no mundo

O ministro Fernando Haddad em evento do G20.Créditos: Flickr Ministério da Fazenda/Divulgação
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O ministro da Fazenda Fernando Haddad vem obtendo êxito em seu projeto de alcance global que visa taxar os super-ricos e angariar recursos para o combate à fome. Desde que o Brasil assumiu a presidência do G20, grupo que reúne as vinte maiores economias do mundo, Haddad vem defendendo um acordo entre as nações para tributar as grandes fortunas. 

Nesta quarta-feira (24), Haddad participou da Reunião Ministerial da Força Tarefa para o Estabelecimento de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, no Rio de Janeiro, evento que integra a agenda do G20. Na ocasião, detalhou o projeto para taxar os super-ricos e disse que a proposta já tem o apoio dos ministros das Finanças de inúmeros países

Depois da atividade, em entrevista à GloboNews, Haddad disse que há "praticamente um consenso" entre os membros da área técnica dos governos dos países do G20 para tributar as grandes fortunas e que, após reunião nesta quinta-feira (25), é possível que seja divulgada uma declaração conjunta entre os países do G20 sobre o tema. 

"Essa ideia vem ganhando apoio de vários presidentes. O presidente Macron já falou disso, o presidente Biden já falou disso, outros chefes de Estado, chefes de governo vêm apoiando. E nós vamos ter essa semana uma semana decisiva, pode ser que saia uma declaração. Entre os técnicos, no nível técnico, já é quase um consenso sobre uma primeira declaração que vai dar impulso a essa agenda. O que não vai ser de um dia para o outro que vai se estabelecer, isso é uma construção muito delicada. Eu lembro a você que os pilares da OCDE começaram dez anos atrás e vêm se desdobrando ao longo dos anos", declarou Haddad. 

Taxar os super-ricos para combater a fome 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quer taxar super-ricos para angariar recursos para combater a fome e a pobreza. A proposta foi apresentada nesta quarta-feira (24), no Rio de Janeiro (RJ), durante a Reunião Ministerial da Força Tarefa para o Estabelecimento de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, evento que integra a agenda do G20 sob a presidência do Brasil.

Haddad propôs a taxação de impostos sobre os super-ricos como estratégia para aumentar a arrecadação destinada ao combate à fome e à pobreza global. O ministro criticou as práticas dos mais ricos que, segundo ele, encontram maneiras de evitar o pagamento de impostos devidos, comprometendo a progressividade dos sistemas tributários.

"Isso faz com que, no topo da pirâmide, os sistemas sejam regressivos, e não progressivos. Se os bilionários pagassem o equivalente a 2% de sua riqueza em impostos, poderíamos arrecadar de US$ 200 a US$ 250 bilhões por ano. Ou seja, aproximadamente cinco vezes o montante que os 10 maiores bancos multilaterais dedicaram ao enfrentamento à fome e à pobreza em 2022", destacou.

Os dados citados pelo ministro Haddad são de um estudo do economista Gabriel Zucman feito a pedido do Ministério da Fazenda. O economista francês é professor assistente da Universidade Berkeley, na Califórnia (EUA).

Em março deste ano, Zucman fez uma enfática defesa da proposta de Haddad de um imposto mínimo sobre a riqueza global aos chefes financeiros dos países do G20 reunidos em São Paulo naquela ocasião.

Zucman é renomado por seus trabalhos que detalham como a riqueza é escondida em paraísos fiscais e como isso afeta a economia global e a distribuição de riqueza. Seus estudos frequentemente destacam a necessidade de uma cooperação internacional mais robusta para lidar com a evasão fiscal e propõem soluções como impostos globais sobre o patrimônio e melhores mecanismos de transparência fiscal.

Aliança Global contra a Fome e a Pobreza

Com o Brasil na presidência do G20 neste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, iniciativa global para implementação de ações e políticas públicas para o combate à desigualdade social.

No longo discurso, Lula ressaltou dados da FAO - Agência das Nações Unidas para alimentação e agricultura - para sustentar o problema que atingiu em 2023 29% da população mundial em graus moderados ou severos de restrição alimentar.