PETROBRÁS

“Em 5 anos acionistas embolsaram uma Petrobrás inteira”, diz Gleisi Hoffmann

A deputada federal e presidente nacional do PT criticou a distribuição de dividendos da estatal, que chamou de “roubo” e “um dos maiores crimes contra o Brasil”

Gleisi Hoffmann, deputada federal e presidente nacional do PT.Créditos: Agência Senado/Marcos Oliveira
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A deputada federal e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR) usou as redes sociais nesta segunda-feira (29) para criticar a política de distribuição de dividendos da Petrobrás que nos últimos anos já distribuiu mais de R$ 446 bilhões a acionistas enquanto os investimentos na estatal só caem.

“A Petrobrás pagou, entre 2018 e 2023, R$ 446 bilhões aos acionistas. Isso equivale a US$ 87 bilhões, praticamente o valor de mercado da empresa, que é hoje de US$ 96 bilhões. Ou seja: em apenas 5 anos, os acionistas embolsaram quase uma Petrobrás inteira. É um escândalo e um dos maiores crimes cometidos contra o Brasil em todos os tempos”, afirmou.

Na última quinta-feira (25), a Assembleia Geral da Petrobrás aprovou o pagamento de 50% dos dividendos extraordinários – aqueles que não estão inclusos nos valores obrigatórios. O montante completo estava avaliado em R$ 43,5 bilhões e a decisão aprovou a distribuição de R$ 21,95 bilhões. Do total distribuído, cerca de R$ 6 bilhões irão para o Tesouro Nacional. A União é uma das principais acionistas da estatal.

Nos últimos anos, a Petrobrás pagou valores recordes aos acionistas, ao passo que os investimentos na estatal caíram. E Gleisi deu “nomes aos bois”.

“Esta farra explodiu em 2021, quando Bolsonaro e Paulo Guedes mudaram o estatuto da Petrobrás para fixar dividendos de pelo menos 45% do caixa livre da empresa, saqueando um dinheiro que serviria para investir, gerar empregos e produzir combustíveis mais baratos. No ano seguinte, os acionistas embolsaram R$ 222 bilhões, a segunda maior distribuição de dividendos do mundo! Uma mudança tão grave nos estatutos hoje seria chamada pelos editoriais de ‘intervenção indevida’ por parte do governo. Mas o mercado festejou e segue festejando o saque à Petrobrás. E aprontou a maior gritaria quando o conselho da estatal propôs adiar a distribuição de dividendos extras do ano passado”, afirmou.

Em 2019, por exemplo, foram pagos quase US$ 2 bilhões em dividendos e os investimentos estavam na casa dos US$ 14 bilhões. Em 2020, o montante de dividendos caiu um pouco, para US$ 1,3 bilhões, enquanto os investimentos na empresa também caíram, e muito, para US$ 4,79 bi.

Em 2021, no auge do governo Bolsonaro, os investimentos caíram ainda mais (US$1,57 bi) enquanto os dividendos pagos a acionistas subiram de 1,3 para US$ 13 bilhões. No ano seguinte, um novo recorde de distribuição de dividendos, US$ 37 bilhões e um leve aumento nos investimentos que não chegou aos US$ 5 bilhões.

Terminado o governo Bolsonaro, chegou o terceiro mandato de Lula e, como promessa de campanha, a retomada da Petrobrás. Os investimentos quase que dobraram, indo para US$ 8,72 bilhões e o pagamento de dividendos caiu para US$ 20 bilhões. Mas os níveis ainda estão aquém da média história, conforme é possível observar na tabela abaixo divulgada pela Associação de Engenheiros da Petrobrás (Aepet).

Reprodução/Aepet

“Dizem que o governo é o maior beneficiado com os dividendos da Petrobrás, porque ainda detém 36,61% do capital (contando a parcela do BNDES). Mentira. A maior parte do capital da Petrobrás, 45,74%, foi vendida a acionistas e fundos estrangeiros. E apenas 9,62% pertencem a particulares e fundos brasileiros. Quando a gente lembra que a Petrobrás foi criada e se tornou gigante com recursos do povo brasileiro, seu verdadeiro dono, percebe claramente o verdadeiro roubo que vem sendo cometido contra o patrimônio nacional", finalizou.