CAPITALISMO FINANCEIRO

Maior corretora do país é acusada de promover práticas abusivas e lesar investidores

Em denúncia à Justiça, rentistas acusam a gigante financeira de causar prejuízos milionários em aplicações

Tabeça de ações - imagem ilustrativa.Créditos: Katrina.Tuliao - via Wikimedia Commons
Escrito en ECONOMIA el

A XP Investimentos, maior corretora financeira do Brasil, está sendo acusada na Justiça de promover práticas abusivas e lesar seus investidores, que alegam prejuízos milionários por conta da ação da empresa. Entre as acusações, os rentistas falam ainda em esvaziamento de patrimônio e contração de dívidas altas com a própria corretora.

O portal Metrópoles conversou com 10 desses investidores que denunciam a XP e, em matéria publicada nesta quarta-feira (7), relata que um desses denunciantes revelou ter tido cobradas taxas de corretagem 56 vezes superiores ao seu próprio patrimônio.

Segundo o relato, as operações correspondentes seriam “desvantajosas” mas a empresa prometia garantias aos investimentos e proteção contra perdas. As condições descritas foram corroboradas por outros relatos.

Entre os denunciantes estariam os chamados “peixes grandes”. Investidores com patrimônios milionários, quiçá até bilionários, que afirmam ter recebido informações equivocadas sobre os investimentos por parte de corretores da XP. A empresa teria prometido verdadeiros “negócios da China”, com lucros astronômicos para a compra de ações em teoria pouco vantajosas. A isso eram somadas as garantias contra perdas e o convencimento era feito.

Esses “peixes grandes” ainda acusam a empresa de ter feito operações milionárias em seus nomes sem autorização. Segundo a denúncia, tanto seus prejuízos, como as comissões dos corretores, cresceram com a prática.

Os clientes agora movem uma série de processos na Justiça contra a XP investimentos. A principal prova utilizada, além dos registros de mercado, são prints e gravações de conversas com os corretores.

De acordo com os relatos, há duas modalidades de serviços de investimentos que são mais comuns. Uma são os investimentos em Certificados de Operações Estruturadas (COEs), que prevê variados investimentos de renda fixa a partir de papéis desvalorizados que prometem lucros altos, bem acima da média. Nesses casos, os clientes acusam a XP de propaganda enganosa, uma vez que nem o mínimo prometido, a recuperação do investimento inicial, tem sido cumprido.

A outra modalidade diz respeito a operações de alavancagem, ou seja, a corretora faz um empréstimo ao cliente para que ele consiga investir valores maiores e consequentemente lucrar mais. É nesse quesito os corretores estariam realizando as operações sem consentimento dos clientes para aumentar a “alavancagem” (os empréstimos da corretora), elevando por consequência as taxas de corretagem.

Foi nessa alavancagem que um músico com patrimônio avaliado em R$ 20 milhões teve taxas que superaram R$ 1 bilhão cobradas pela XP. Outro cliente alegou ter investido R$ 8,5 milhões e, em seguida, tido um prejuízo de R$ 18 milhões. Esse último ainda relata que tentou contato com a empresa e foi tratado com descaso.

A XP Investimentos foi fundada em 1997 por Guilherme Benchimol, um economista ligado ao mercado financeiro. Em 2023 a corretora fechou o ano com 4,5 milhões de clientes e mais de 1 trilhão de reais sob sua guarda.

Em nota enviada ao portal supracitado, a XP Investimentos afirmou que não comentaria casos que tramitam na Justiça. Também disse que “preza pela transparência” e “segue rigorosamente a regulação” dos seus produtos de investimentos.