ATAQUE ESPECULATIVO

Governo Lula intervém no mercado para conter disparada do dólar

Tesouro Nacional anunciou leilões extraordinários de compra e venda de títulos públicos

O ministro da Fazenda Fernando Haddad e o presidente Lula.Créditos: Ricardo Stuckert
Escrito en ECONOMIA el

Em meio ao ataque especulativo do mercado financeiro, que fez o dólar disparar e atingir R$ 6,20 nesta terça-feira (17), o governo Lula, através do Tesouro Nacional, anunciou intervenção no mercado de títulos públicos. Entre esta quarta (18) e sexta-feira (20), serão realizados leilões extraordinários de compra e venda de títulos, O leilão tradicional de títulos, programado para quinta-feira (19), foi cancelado.

O Tesouro Nacional está sob o guarda-chuva do governo federal, mais especificamente subordinado ao Ministério da Fazenda. O objetivo da intervenção é estabilizar o mercado de títulos públicos e a decisão foi tomada em coordenação com o Banco Central (BC), que já vinha promovendo leilões de dólares para conter a valorização da moeda americana.

O Tesouro pode recorrer a dois mecanismos principais: leilões de recompra pura, em que os títulos são adquiridos de volta, ou leilões de troca, nos quais a recompra é combinada com a emissão de novos papéis, fornecendo parâmetros de preço ajustados.

Como os leilões do Tesouro podem frear disparada do dólar

Essas ações são como um "freio" para o mercado em momentos de tensão. Ao comprar os títulos diretamente, o governo diminui a oferta deles no mercado, o que ajuda a estabilizar seus preços. Isso reduz a pressão sobre investidores e dá mais segurança a quem aplica dinheiro nesses papéis.

Por outro lado, a emissão de novos títulos, com taxas ajustadas, cria uma referência clara para o mercado, corrigindo possíveis exageros na valorização ou desvalorização dos preços. Essa combinação de medidas pode diminuir o nervosismo no mercado, reduzir a procura por dólares e, com isso, frear a alta da moeda americana.

Fake news sobre Galípolo motivou ataque especulativo 

Nesta terça-feira (17), o dólar teve nova alta, chegando a R$ 6,20, o que fez com que o Banco Central precisasse intervir duas vezes e injetasse US$ 2,015 bilhões para conter a alta da moeda dos EUA.

A estranha movimentação da moeda estadunidense chamou a atenção de alguns analistas econômicos, que não identificavam fatores para o dólar continuar em alta. Uma dessas figuras a chamar atenção para a estranheza do cenário foi a jornalista Miriam Leitão, que levantou a suspeita de uma possível especulação cambial em curso.

Algumas horas depois, o portal Brazilian Journal revelou que um perfil no X (antigo Twitter), chamado Insiders Capital, criado em agosto deste ano e com 3.500 seguidores, publicou uma série de declarações atribuídas ao novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.

Os tuítes foram publicados por volta das 11h e atribuíam a Galípolo as seguintes declarações: "a alta do dólar é artificial", "não acho cenário preocupante" e "a meta do BC é levar a moeda estadunidense para R$ 5 em 2025". O novo presidente do BC nunca disse essas frases, mas isso não impediu que outros perfis vinculados ao mercado financeiro replicassem a fake news.

Galípolo não teve agenda pública nesta terça. Seu único compromisso foi uma reunião com a Standard & Poor's nas dependências do Banco Central.

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