FERNANDO HADDAD

Lula pede e Haddad cancela viagem à Europa após alta do dólar

Ministro da Fazenda é pressionado de um lado pelo mercado financeiro e por outro pela manutenção dos programas sociais

Haddad e Lula.Créditos: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Escrito en ECONOMIA el

Por conta da alta do dólar e da pressão do mercado financeiro pelo corte de gastos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que cancele sua viagem que faria à Europa na próxima semana.

"A pedido do presidente Lula, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estará em Brasília ao longo da próxima semana, dedicado aos temas domésticos", afirmou em nota o Ministério da Fazenda.

O ministro encontraria autoridades e investidores em um roteiro que iria passar por Paris (França), Londres (Reino Unido), Berlim (Alemanha) e Bruxelas (Bélgica).

Corte de gastos

O corte de gastos tem sido debatido intensamente pela equipe econômica desde o começo do governo Lula. A falta de definições tem gerado pressão sobre o dólar, queda da Bolsa de Valores e alta dos juros futuros.

Haddad afirmou entender a inquietação do mercado e que novas medidas deverão ser apresentadas nas próximas semanas.

"A dinâmica das despesas obrigatórias tem que caber dentro do arcabouço. A ideia é fazer com que as partes não comprometam o todo que o arcabouço tem, a sustentabilidade de médio e longo prazo", disse ele durante a semana.

Pressão de todos os lados

Concomitantemente à pressão do mercado financeiro, um manifesto foi divulgado na última quarta-feira (30), pela revista Movimento, ligada ao PSOL, contra "cortes sociais anunciado pelos ministros Fernando Haddad e Simone Tebet para o final deste ano". Assinam o documento, entre outros, a deputada federal e ex-prefeita paulistana Luiza Erundina (PSOL-SP), o ex-ministro da Saúde do governo Lula, José Gomes Temporão, e o ator e professor Guilherme Terreri, criador da drag Rita von Hunty.

"As áreas alvo desses ataques já estão definidas: saúde, educação, Benefício de Prestação Continuada (BPC), seguro-desemprego e outros direitos essenciais. Embora os detalhes finais ainda não tenham sido divulgados, já está evidente que essas medidas fazem parte de uma estratégia de austeridade que aprofunda o Novo Arcabouço Fiscal e ataca diretamente conquistas sociais históricas", diz o texto.

Além de deputados, políticos e acadêmicos filiados ao PSOL, como o sociólogo Vladimir Safatle, o documento tem apoio do também ex-ministro de Ciência de Tecnologia de Lula, Roberto Amaral - ex-presidente do PSB -, da historiadora Virgínia Fontes, do sociólogo Ruy Braga. O texto também está disponível para adesões na internet - acesse aqui.