INDÚSTRIA

Efeito Lula: investimento estrangeiro dispara com alta de 86,2% e é o maior desde 2019

Relatório do BC indica os maiores níveis pós-pandemia e alta de mais de 80% em relação a outubro de 2023

Sede do Banco Central do Brasil.Créditos: Senado Federal
Escrito en ECONOMIA el

As Estatísticas do Setor Externo do Banco Central brasileiro, que analisam o período de janeiro de 2023 a outubro de 2024, apontam para um crescimento no nível dos investimentos estrangeiros diretos (IED) no Brasil, que atingiram seu maior nível desde 2019 e, em outubro de 2024, registraram alta de 86,2% em relação ao mesmo período em 2023.

A participação de indivíduos e empresas de outros países no mercado brasileiro, com participação acionária, fusões e aquisições, reinvestimento de lucros e investimento em novas instalações, atingiu US$ 5,7 bilhões em outubro deste ano — em 2023, foram US$ 3,1 bilhões. 

Houve, ainda, um ingresso de US$ 6,8 bilhões líquidos em participação no capital brasileiro durante outubro de 2024, e o acumulado dos 12 meses considerados pelo relatório somou US$ 66 bilhões, o equivalente a 3% do PIB, em comparação a US$ 63,8 bilhões nas estatísticas de outubro de 2023.

Já os investimentos em carteira no mercado doméstico tiveram ingressos líquidos de US$ 1,7 bilhão em outubro de 2024, somando fundos de investimento e títulos da dívida.  

Nos doze meses encerrados em outubro de 2024, os investimentos em carteira no mercado doméstico somaram ingressos líquidos de US$5,6 bilhões, afirma o relatório.

A balança comercial de bens, por sua vez, obteve um superávit de US$ 3,4 bilhões em outubro de 2024, o que representa uma queda em relação ao mesmo período em 2023, quando foi de US$ 8,6 bilhões: as importações de bens aumentaram em 23,5% (correspondendo a US$ 29,6 bilhões durante o período), maiores do que as exportações, que totalizaram US$ 26,2 bilhões. 

A despesa total dos lucros de investimento direto atingiu US$ 62,2 bilhões, em relação a US$ 1,2 bilhão da estimativa anterior. Os lucros remetidos, por outro lado, aumentaram em US$ 3,6 bilhões, relacionados principalmente a pagamentos por meio de contas de depósito no exterior. 

Isso significa que empresas estrangeiras instaladas no Brasil obtiveram bom desempenho financeiro, embora grandes remessas de lucros ainda sejam enviadas ao exterior. 

O pico do investimento estrangeiro no país havia sido atingido em 2011, durante o governo Dilma, com US$ 88,9 bilhões de saldo. 

Por outro lado, desde a pandemia, as projeções de investimento têm sido as mais positivas até então, e especialistas indicam que o investimento direto em 2025 deve atingir US$ 73,56 bilhões (em comparação aos US$ 71,55 bilhões em 2024).

Programas de atração de investimentos, reindustrialização e expansão de setores de base do governo federal — como o Nova Indústria Brasil —, além de parcerias bilaterais e um maior investimento em bens de capital, podem colaborar com essas projeções.