NOVO RUMO

Galípolo é aprovado pelo Senado para presidir BC com maior votação em 22 anos

Na Comissão de Assuntos Econômicos, o economista também teve o seu nome chancelado por unanimidade

Galípolo é aprovado pelo Senado para presidir BC com maior votação em 22 anos.Créditos: Reprodução/ TV Senado/ YouTube
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Gabriel Galípolo teve seu nome aprovado pelo plenário do Senado para ser o novo presidente do Banco Central nesta terça-feira (8).

O economista recebeu 66 votos favoráveis e 5 contrários. A votação foi secreta, e o número obtido por Galípolo é o maior dos últimos 22 anos: Roberto Campos Neto teve 55 votos a 6, em 2019; Ilan Goldfajn teve 56 a 13, em 2016; Alexandre Tombini teve 37 a 7, em 2010; Henrique Meirelles teve 39 a 12, em 2002.

Economista é aprovado por unanimidade em Comissão do Senado 


A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou, nesta terça-feira (8), por 26 votos a favor e nenhum contra, o nome do economista Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Lula (PT), para presidir o Banco Central (BC).

Além disso, também foi aprovado o regime de urgência para a votação do nome de Galípolo no plenário do Senado, o que deve acontecer sem surpresas.

Galípolo cita Keynes, detona meritocracia e agradece Lula em sabatina
 

Mostrando-se à vontade na sabatina realizada nesta terça-feira (8) na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) no Senado para ratificar sua indicação, feita por Lula, para a presidência do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo citou o economista inglês John Maynard, defensor da intervenção do Estado nos problemas criados pelo chamado livre mercado, e agradeceu ao presidente e ao "amigo" Fernando Haddad, ministro da Fazenda.

Adotada por diversos países da Europa após a destruição causada pela II Guerra Mundial, a teoria econômica keynesiana e o Estado de Bem-estar Social, propunha a intervenção do Estado na Economia para ampliar serviços públicos nas áreas da saúde, educação, habitação e previdência social e na garantia do emprego e do crescimento econômico.

A teoria de Keynes faz contraponto ao neoliberalismo, defendido por Paulo Guedes e Roberto Campos Neto, atual presidente do BC, que acreditam que a economia se autorregula sem a intervenção estatal.

No entanto, o neoliberalismo sempre foi usado para acumulação de riquezes e favorecer os grandes financistas, que ganham dinheiro principalmente com empréstimos a alta taxas de juros, baseadas no Brasil na Selic - principal ponto de críticas de Lula ao atual comando do BC.

"Eu sempre encontrei sentido e motivação na afirmação de um economista inglês, do começo do século passado, que dizia: 'a economia é a ciência que cuida de melhorar a vida da mulher e do homem comuns'. Essa é o sentido da economia", disse Galípolo ao falar aos senadores o que o motivou a estudar economia.

O futuro presidente do BC ainda afirmou qual teria sido a orientação de Lula para que ele conduza a instituição, responsável pela política monetária do país.

"Toda vez que me foi concedida a oportunidade de encontrar o presidente Lula eu escutei de forma enfática e clara a garantia da liberdade na tomada de decisões e que o desempenho da função deve ser orientado exclusivamente pelo compromisso com o povo brasileiro, que cada ação e decisão se deve unicamente ao bem-estar da população brasileira", disse Galípolo, que votou com a unanimidade para aumento da taxa de juros na última reunião do Comitê de Polícia Monetária, o Copom.

Ao listas sua trajetória de mais de 20 anos, ele detonou a meritocracia, outra bandeira do neoliberalismo, que busca responsabilizar o indivíduo por seu sucesso ou fracasso pessoal, independentemente do contexto social, econômico e político.

"Durante esses mais de 20 anos de atuação profissional eu assisti ao nascimento e proliferação de narrativas sobre a carreira pessoal onde a vitória era quase sempre atribuída a seus próprios méritos - ou seja, que a gente conseguia as coisas apesar de todas as circunstâncias e que toda derrota se configurava responsabilidade do outro e da circunstância. Me parece que são cada vez mais populares essas narrativas, capazes de gerar engajamento, os discursos com frases de que nunca ninguém me ajudou e que tive que fazer tudo sozinho", afirmou.

"No meu caso, todas as oportunidades e eventuais êxitos que experimentei são devidos aos meus amigos, colegas, professores e familiares que me suportam e suportaram. Aproveito a oportunidade para dizer-lhes publicamente: muito obrigado", emendou.

Ao final da sua explanação, antes das perguntas dos senadores, Galípolo agradeceu Lula, Haddad e também Campos Neto.

"Apesar de sentir que estão contemplados nas categorias de amigos, colegas e professores, quero aproveitar a oportunidade para agradecer ao presidente Lula pela indicação, a senadoras e senadores que me receberam tão bem, ao ministro Fernando Haddad, aos colegas em nome do presidente Roberto Campos e todos os servidores do Banco Central", disse.

O clima tranquilo da sabatina, que já tem consenso sobre a aprovação do nome do economista para a presidência do Banco Central, era tanto que o senador bolsonarista Izalci Lucas (PL-MG) a pedir à mesa que a indicação fosse colocada em votação antes das perguntas, para poder liberar os senadores para outras atividades na casa.

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