ECONOMIA

Campos Neto terá que explicar Selic a 13,75% em Comissão do Senado

Randolfe Rodrigues, líder do governo, disse que o "Brasil está estupefato" diante da sétima vez consecutiva que o BC mantém os juros em 13,75%.

Roberto Campos Neto no Senado.Créditos: Edilson Rodrigues/Agência Senado
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A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou nesta terça-feira (27) quatro requerimentos para convidar Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, a explicar mais uma vez a manutenção da taxa Selic de juros em 13,75%. O bolsonarista já esteve na comissão no dia 25 de abril para dar as mesmas explicações e manteve os juros altos, mesmo com a mudança positivo no cenário econômico do país.

Autor de um dos requerimentos, o senador Randolfe Rodrigues (Sem partido-AP), líder do governo, disse que o "Brasil está estupefato" diante da sétima vez consecutiva que o BC mantém os juros em 13,75%.

"O choque com a decisão do Copom é de fácil compreensão. O Brasil passa por um claro processo de redução da inflação. O IPCA dos últimos meses tem sido reiteradamente abaixo das expectativas, e desacelerou para apenas 0,23% em maio. A projeção de IPCA para 2023 do Relatório Focus — que o Banco Central afirma tanto levar em conta em suas decisões — caiu de mais de 6% para pouco mais de 5% nas últimas semanas. Já a prévia do IGP-M trouxe a maior deflação da história: 6,7% negativo no acumulado em 12 meses. E, talvez ainda mais importante, as expectativas de inflação para 2024 estão dentro do intervalo de flutuação da meta", disse Randolfe, que comemorou a aprovação do convite nas redes.

Mais cedo, em sua live semanal, Lula mostrou-se indignado com a manutenção da taxa de juros em 13,75% e enquadrou Campos Neto.

"Ontem eu fiquei indignado. Estava discutindo o plano Safra, que terá R$ 364 bilhões a uma média de 10% de juros ao ano. É caro. É muito caro. Inclusive poderia ser mais barato, mas é que tem um cidadão no Banco Central, que a gente sabe quem pôs ele lá, que trava os juros em 13,75%. Então eu fiquei pensando: nós vamos emprestar R$ 364 bi para o agronegócio. Amanhã vamos lançar o programa da Agricultura Familiar e parece que É R$ 75 bi, também com uma taxa de juros menor do que essa", disse Lula.

"Agora, o que me deixa indignado é o seguinte: o crédito consignado, que é dado para pessoa que tem emprego garantido e descontado do salário - portanto não tem como perder -, é 1,97%. 1,97% x 1,97% - juros sobre juros - dá quase 30% ao mês. Então, minha pergunta é a seguinte: como é que o cara que ganha R$ 2 mil e pega R$ 1 mil no consignado vai pagar 30% ao ano e estou emprestando dinheiro aos grandes a 10%? O deles também é caro, quero deixar bem claro, mas e para os pobres? A gente está dando como garantia a folha de pagamento e ainda paga mais caro que o empresário", emendou o presidente, que prometeu que vai conversar com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, novamente sobre o tema.