MANIFESTAÇÕES

Juros altos: Em dia de reunião do Copom, manifestações pedem queda da taxa

Atos em São Paulo, Porto Alegre e Brasília pedem redução dos juros no país, um dos mais elevados do mundo

Créditos: Agência Brasil (Rovena Rosa) - Centrais sindicais realizam atos para pedir a queda dos juros
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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) iniciou nesta terça-feira (20) a quarta reunião do ano para decidir sobre a taxa básica de juros, a Selic. Mesmo com a recente queda da inflação, espera-se que o órgão mantenha o aperto monetário, com a Selic em 13,75% ao ano.

Na capital paulista, centrais sindicais realizaram um protesto em frente ao prédio do BC localizado na Avenida Paulista, região central da cidade para exigir a redução da taxa básica de juros. Os manifestantes exibiram bandeiras e utilizaram um carro de som, ocupando a calçada em frente ao edifício. Um cordão de policiais militares impediu que os manifestantes se aproximassem da entrada do prédio.

De acordo com João Carlos Gonçalves, secretário-geral da Força Sindical, a atual taxa básica de juros de 13,75% ao ano reduz as oportunidades de emprego, tornando os incentivos no mercado financeiro mais atrativos do que na produção.

"Na minha opinião, isso prejudica os trabalhadores em dois aspectos: no emprego, porque com juros elevados não há investimento na produção, o que resulta em desemprego. Além disso, com juros altos, eles não têm capacidade de compra", afirmou. Ele acrescentou que o crédito mais caro também diminui o poder de compra da população.

O sindicalista destacou a importância de equilibrar a manutenção da atividade econômica com o controle da inflação. "Se houver muita rigidez em relação à inflação, o país acaba sendo levado para uma recessão. Portanto, é fundamental que os técnicos compreendam o momento pelo qual estamos passando", concluiu.

Também há registros de manifestações pela queda da taxa de juros em Porto Alegre (RS) e em Brasília.

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) postou um registro de ato na capital gaúcha.

 

"Atualmente, nossa taxa de juros é a mais alta do mundo, o que impacta diretamente na economia nacional, prejudicando as pessoas mais pobres na obtenção de crédito para bens e beneficiando apenas o rentismo", escreveu a parlamentar

O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) também fez o registro da manifestação realizada em Brasília (DF), em frente ao edifício-sede do BC. 

"Fora Campos Neto, sabotador do Brasil e da nossa economia", postou o deputado.

Já deveria ter caído

Nesta segunda-feira (19), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que os juros deveriam ter começado a cair em março. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também tem criticado os juros desde o início do ano, afirmando que o atual patamar da taxa Selic prejudica os investimentos e não possui justificativa.

Embora a taxa básica tenha parado de subir em agosto do ano passado, ela permanece no nível mais alto desde o início de 2017, e os efeitos do aperto monetário já são sentidos na desaceleração da economia.

Segundo a última edição do boletim Focus, uma pesquisa semanal com analistas de mercado, espera-se que a taxa básica seja mantida em 13,75% ao ano pela sétima vez consecutiva. No entanto, a expectativa do mercado financeiro é que a Selic encerre o ano em 12,25% ao ano. Na quarta-feira (21), ao final do dia, o Copom anunciará sua decisão.

Na ata da última reunião, em maio, o órgão ressaltou a importância de ter paciência e serenidade ao decidir sobre a taxa de juros. Embora seja considerado um cenário menos provável, o Copom reforçou a possibilidade de aumentar a Selic. Para o Banco Central, a aprovação do arcabouço fiscal pode ajudar a equilibrar as contas públicas, o que impacta as expectativas de inflação.

As expectativas de inflação têm caído após um aumento no início do ano. De acordo com o último boletim Focus, a estimativa para a inflação em 2023 caiu de 5,42% para 5,12%.

Inflação em queda

Em maio, impulsionado pela queda nos preços dos combustíveis e de artigos de residência, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou uma variação de 0,23%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com esse resultado, a inflação acumulada no ano ficou em 2,95% e nos últimos 12 meses foi de 3,94%, um percentual mais baixo do que os 4,18% acumulados até o mês anterior.

Em relação à meta de inflação, para o ano de 2023, o Banco Central estabeleceu uma meta de 3,25%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Isso significa que o limite inferior é de 1,75% e o superior é de 4,75%. Para os anos de 2024 e 2025, as metas são de 3%, também com a mesma margem de tolerância. A meta para o ano de 2026 será definida ainda neste mês.

No último Relatório de Inflação, divulgado no final de março pelo Banco Central, reconheceu-se a possibilidade de que a meta de inflação seja ultrapassada este ano. De acordo com o documento, a estimativa é que o IPCA atinja 5,8% em 2023. O próximo relatório será divulgado no final do mês.

Taxa Selic

A taxa Selic é utilizada nas negociações de títulos públicos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve como referência para outras taxas da economia. Ela é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação. O BC realiza operações diárias de compra e venda de títulos públicos federais no mercado aberto para manter a taxa de juros próxima ao valor estabelecido nas reuniões do Copom.

Quando o Copom decide aumentar a taxa básica de juros, o objetivo é conter a demanda aquecida, o que tem impacto nos preços, uma vez que juros mais altos encarecem o crédito e incentivam a poupança. Dessa forma, taxas mais elevadas podem dificultar a expansão da economia. No entanto, além da Selic, os bancos levam em consideração outros fatores ao definir as taxas de juros cobradas dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas.

Por outro lado, quando a Selic é reduzida, é esperado que o crédito fique mais acessível, incentivando a produção e o consumo, o que contribui para a redução do controle da inflação e o estímulo à atividade econômica.

Copom

O Copom realiza reuniões a cada 45 dias. No primeiro dia, são feitas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas da economia brasileira e global, bem como o comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do Copom, composto pela diretoria do Banco Central, analisam as possibilidades e definem a taxa Selic.

Com informações da Agência Brasil