MUNDO DO TRABALHO

Datafolha mostra que ampla maioria dos trabalhadores em aplicativo não quer ser CLT

Levantamento também revela que uma parcela maioritária dos entrevistados preza pelo fato de não terem chefes e nem horários pré-determinados para cumprir

Datafolha mostra que ampla maioria dos trabalhadores em aplicativo não quer ser CLT.Créditos: Reprodução redes sociais
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Levantamento DataFolha realizado a pedido das empresas iFood e Uber revela que 75% dos trabalhadores de aplicativos preferem manter a autonomia do que ter vínculo tradicional a partir da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Apenas 14% responderam que gostariam de ter vínculo formal e, dessa maneira, acessar os benefícios trabalhistas, mesmo que isso resulte em menos flexibilidade de trabalho. 

Outras duas respostas ajudam a entender por que a maioria dos entrevistados rejeitam ter o serviço adequado à CLT: ao responderem à pergunta "motivos para dirigir ou realizar entregas", 55% dos trabalhadores da Uber e 62% do iFood optaram pela alternativa "flexibilidade e autonomia para definir quando e onde trabalhar". 

Em outra questão, onde os entrevistados responderam por grau de concordância, o DataFolha quis saber da "experiência ao dirigir ou realizar entregas": 70% dos trabalhadores da Uber  e 70% do iFood responderam que "os aplicativos me oferecem a oportunidade de definir meus horários e locais de trabalho", em segundo lugar com 63% (Uber) e 74% (iFood) veio "os aplicativos oferecem uma oportunidade de ganhos extras", em terceiro lugar ficou "os aplicativos oferecem acesso fácil ao trabalho, apenas ligando o aplicativo" com 58% (Uber) e 57% (iFood). 

Ainda na questão sobre a "experiência ao dirigir ou realizar entregas", a quarta resposta mais escolhida pelos trabalhadores da Uber e iFood foi "os aplicativos me oferecem a oportunidade de ganhar dinheiro sem ter um chefe/gerente", com 57% e 65%, respectivamente. 

Além disso, 91% dos entrevistados, ao responderem sobre "modelo de trabalho preferido", optaram pelo "Modelo A", a saber: 

- Garante liberdade e autonomia para eu decidir o horário em que vou trabalhar e qualquer momento de minha escolha;
- Garante que eu possa recusar as viagens/os pedidos de entrega a qualquer momento, sem multa. 
- Garante que eu possa trabalhar com múltiplos aplicativos do meu interesse, inclusive do mesmo segmento;
- Garante alguns benefícios e proteção social, sem que isso restrinja oportunidades de trabalho;
- Garante ganhos proporcionais ao trabalho realizado, da forma como é hoje.
 

Apenas 9% dos entrevistados optaram pelo "Modelo B", que apresenta uma série de alternativas que seguem o padrão de contrato e organização tradicionais de uma empresa (chefe, horário de entrada e saída etc.) e CLT.  

Outro dado importante é que 8 em cada 10 dos entrevistados querem continuar a trabalhar com os aplicativos de mobilidade ou entrega, o que representa 76% do universo da pesquisa do Datafolha. 

Para 89% dos entrevistados ou 9 em cada 10, "é preciso garantir certos direitos e benefícios aos trabalhadores de aplicativos, desde que não interfiram na flexibilidade (ou seja, desde que se possa continuar trabalhando quando, como e com qual plataforma quiser, sem necessidade de agendamento obrigatório e comunicação com a plataformas". 

Universo da pesquisa 


Para este levantamento, o DataFolha entrevistou 1.800 motoristas do Uber e 1.000 do iFood divididos em todas as regiões do Brasil, com idade que varia de 18 59 anos, sendo que a prevalência são aqueles de 30 a 39 anos. A maioria dos que responderam o questionário são homens (94%) e chefes de família (84%). 

A pesquisa foi realizada Entre os dias 17 de janeiro e 10 de março. O estudo foi realizado no método blind, ou seja, os entrevistados não foram informados sobre os nomes dos contratantes. A margem de confiança da pesquisa é de 95%. 

A íntegra da pesquisa pode ser conferida aqui.