PERSONALIDADE

Quem é Maria da Conceição Tavares, umas das maiores economistas vivas do Brasil

Nascida em Portugal, mas radicada no Brasil desde 1954, ela completa 93 anos de muita lucidez e contundência em suas análises econômicas e políticas

A economista Maria da Conceição Tavares.Créditos: Fernando Frazão/Agência Brasil
Escrito en ECONOMIA el

A múltipla Maria da Conceição Tavares é considerada um dos nomes mais importante da economia no Brasil. Com longos anos de relevante atuação no cenário político nacional, ela, que também é matemática, professora (FGV, Unicamp e UFRJ) e escritora, completa, nesta segunda-feira, 93 anos de idade.

Sempre com opiniões lúcidas e sendo uma debatedora contundente, Maria da Conceição nasceu em Anadia, Aveiro, Portugal, e foi criada em Lisboa. Inicialmente, estudou matemática na universidade da capital portuguesa e se casou durante o curso. Grávida de sua filha Laura (depois teria Bruno), se radicou no Brasil em 1954, fugindo da ditadura de António Salazar, em Portugal. Em 1957, adotou a cidadania brasileira.

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Em um meio eminentemente dominado por homens, Maria da Conceição enfrentou sem medo o preconceito para ganhar cada vez mais notoriedade, inclusive com muitas aparições nos meios de comunicação.

Seu trabalho sofreu influências de outros três economistas brasileiros: Celso Furtado, Caio Prado Jr. e Ignácio Rangel, todos ligados ao campo progressista, cada um à sua maneira.

Em 1974, foi presa durante a ditadura. Passou alguns dias no DOI-CODI até ser solta por intervenção do próprio general Ernesto Geisel, a pedido de Mário Henrique Simonsen, então ministro da Fazenda do governo militar.

Maria da Conceição Tavares foi filiada ao MDB, de 1980 a 1989, e ao PT, a partir de 1994 até os dias atuais (chegou a colaborar com o governo anterior de Lula PT). Foi deputada federal pelo Rio de Janeiro, de 1995 a 1999.

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“A economia é um instrumento para melhorar socialmente e politicamente uma nação”, disse

Ela sempre acreditou que a economia é indissociável do fator social, ao contrário dos tecnocratas que são adeptos apenas da frieza dos números em suas análises.

Em uma entrevista postada pela deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), para celebrar o aniversário da economista, ela já deixava isso muito claro.

“Economia é uma ciência social e o seu nome originário tem que ser restabelecido: economia política. Então, tem que voltar a essa ideia. Tem que aprender história. Se não aprender história, não é capaz de juntar, estatística etc. Agora, modelo matemático, realmente, pode esquecer que não serve pra nada”, afirmou.

“Isso é a primeira coisa. A segunda coisa é que não é apenas economia política. Não vale a pena ser economista se você não achar que tem que levar alguma contribuição da tua profissão, com a tua dignidade, como teu esforço, com o teu talento, para o desenvolvimento desse país”, ressaltou Maria da Conceição.

Se você não se preocupar com o povo brasileiro, realmente, meu bem, o melhor, então, vai ser engenheiro de obra. Não aborrece, tá claro? Vai ser engenheiro, porque pra que vai ser economista? Ser economista trata de problemas sociais e políticos. A economia é um instrumento para melhorar socialmente e politicamente uma nação, para integrá-la, para torná-la, finalmente, o sonho do Furtado (Celso)”, acrescentou a economista.