ECONOMIA

Lula pede e Haddad desiste de mudar taxação usada como brecha por Shein, Shopee e Ali Express

Gigantes das redes usam isenção válida para pessoas físicas para enviar produtos ao Brasil sem pagar impostos. Haddad diz que atendeu Lula para apenas coibir contrabando, mas ressaltou que tarefa não será fácil.

Lula e Fernando Haddad no Planalto.Créditos: Ricardo Stuckert
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A pedido de Lula, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (18) que o governo desistiu de acabar com a regra que isenta transações internacionais avaliadas em até US$ 50 e feitas entre pessoas físicas.

A regra é usada por gigantes transnacionais, especialmente as chinesas Shein, Shopee e Ali Express para driblar o fisco e enviar produtos para o Brasil sem pagar a taxação - que é válida apenas para pessoas físicas.

"O presidente nos pediu ontem pra tentar resolver isso do ponto de vista administrativo. Ou seja, coibir o contrabando. Nós sabemos aí que tem uma empresa que pratica essa concorrência desleal, prejudicando todas as demais empresas, tanto do comércio eletrônico quanto das lojas que estão abertas aí, sofrendo a concorrência desleal dessa empresa", disse Haddad a jornalistas.

O ministrou afirmou que Lula pediu para "usar o poder de fiscalização da Receita Federal sem a necessidade de mudar a regra atual, porque estava gerando confusão de que isso poderia prejudicar as pessoas que, de boa-fé, recebem encomendas do exterior até esse patamar, que é uma regra antiga".

No entanto, o próprio Haddad admitiu que a tarefa de filtrar as encomendas vindas do exterior não será tarefa fácil, visto que as empresas usam nomes de pessoas físicas - até mesmo de artistas - para burlar o fisco e enviar as encomendas.

"Não vai ser fácil porque essa brecha, ela está sendo usada de má-fé. Todo mundo sabe que é de má-fé. Ontem, recebi telefonema, só para você ter uma ideia, eu falei com o presidente da Confederação Nacional do Comércio, CEOs de redes de varejo, todo mundo muito preocupado com a concorrência desleal", disse.

Haddad disse que já ouviu duas das empresas, que teriam se comprometido a colaborar com o governo brasileiro.

"Ontem nós recebemos Ali Express, presencialmente, e recebemos uma carta da Shopee, dizendo que concordam com a regulação dos termos do que o Ministério da Fazenda pretende. Porque acham que é uma pratica desleal e não querem se confundir com quem está cometendo crime tributário", disse o ministro, que pretende buscar experiências em países como Estados Unidos e até na própria China sobre como proceder na questão.