O presidente Lula (PT) concedeu nesta quinta-feira (3) uma longa entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, na RedeTV!. Na conversa foram abordados diversos temas, tais como autonomia do Banco Central, relações exteriores e a quebra da rede Americanas.
Lula classificou a quebra da Americanas como "motociata" e comparou o empresário Jorge Paulo Lemann com Eike Batista, que era vendido como "o grande empresário do Brasil" e faliu após frustrar investidores.
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"Aí [na Americanas] não é nem pedalada, é motociata. Acho que a gente, quando é pequeno, aprende que 'nada com um dia atrás do outro' [...] esse Lemann era vendido como o suprassumo do empresário bem-sucedido no planeta Terra. Ele era o cara que financiava jovens para estudarem em Harvard para formar um novo governo. Era um cara que falava contra a corrupção todo dia. E depois ele comete uma fraude que pode chegar a R$ 40 bilhões", disse Lula.
Em seguida, Lula compara Lemann com Eike Batista. "Agora me parece que está chegando na Ambev também. É o seguinte: vai acontecer o que aconteceu com o Eike Batista. As pessoas vendem uma ideia de que eles não são", criticou Lula.
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Para Lula, o episódio deve servir para mostrar que, apesar de críticos esquemas de corrupção públicos, os investidores, em geral, são lenientes com escândalos privados.
"O que eu fico chateado é que qualquer palavra que você fala na área social, 'vou aumentar o salário mínimo em dez centavos', 'vou corrigir o Imposto de Renda', 'precisamos melhorar [a vida para] os pobres', o mercado fica nervoso, muito irritado", disse Lula.
Posteriormente, Lula criticou o silêncio do setor privado em torno do escândalo da Americanas. "E agora um dele joga fora R$ 40 bilhões de uma empresa que parecia ser a mais saudável do planeta. E esse mercado não fala nada, fica em silêncio. Porque tanto amor pelos grandes e tanto desinteresse pelos menores”, questionou o presidente.