Em entrevista a Daniela Lima na CNN Brasil nesta quinta-feira (17), o presidente Lula voltou a questionar a autonomia do Banco Central e disse que a "independência" da instituição, responsável pela política monetária do país, precisa mostrar "resultado".
“O que eu quero saber é o resultado. O resultado vai ser melhor? Um Banco Central autônomo vai ser melhor? Vai melhorar a economia? Ótimo [se melhorar], mas se não melhorar, nós temos que mudar”, disse.
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A declaração de Lula aumentou a pressão sobre Roberto Campos Neto, neto de Roberto Campos, primeiro ministro do Planejamento da Ditadura Militar, que prega uma gestão "técnica" do BC, enquanto maneja dados - em especial a exorbitante taxa básica de juros, a Selic, mantida em 13,75% - para atender aos anseios políticos de Jair Bolsonaro (PL), que o colocou no comando da instituição.
Os números, no entanto, mostram que se for pela competência, Campos Neto não deve ser mantido à frente do BC.
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Após estourar a meta da inflação por dois anos seguidos - 2021 e 2022 - e divulgar dados "errados" sobre o fluxo cambial no ano passado, revertendo o anunciado superávit de US$ 9,5 bilhões para a real saída (déficit) de US$ 3,2 bilhões da economia brasileira no período, Campos Neto terá que se explicar sobre o prejuízo bilionário que causou no Banco Central. E quem vai pagar a conta é a população.
Dados divulgados nesta quinta-feira (16) mostram que o Banco Central registrou um prejuízo de R$ 298,5 bilhões em 2022. Foi a segunda vez que a instituição teve prejuízo na gestão de Campos Neto. O primeiro foi no segundo semestre de 2020, quando teve perdas de R$ 33,6 bi - à época a divulgação se dava a cada seis meses.
Para pagar a conta, o Tesouro Nacional - órgão de contabilidade do governo ligado ao Ministério da Fazenda - terá que desembolsar R$ 36,6 bilhões para cobrir parte do rombo.
Além disso, serão usados R$ 179,1 bilhões de reservas cambiais e R$ 82,8 bilhões do patrimônio institucional do próprio BC.
O BC justifica o prejuízo por um erro de gestão com as operações com reservas e derivativos cambiais, que teria deixado um rombo de R$ 326,5 bilhões.
A gestão e os resultados do Banco Central influenciam diretamente nas contas da União. Quando dá lucro, o BC repassa uma parcela ao Tesouro Nacional.
No entanto, quando dá prejuízo, o valor é coberto pelos recursos existentes na reserva de resultado e pela redução do patrimônio líquido da instituição, limitado a 1,5% do ativo total do banco.
Porém, o prejuízo causado por Campos Neto em 2022 foi tão grande que obrigou o Tesouro Nacional fazer o aporte de R$ 36,3 bilhões para compensar as perdas.