Segundo estudo realizado pela empresa de pesquisas Nielsen, que o jornal Folha e S. Paulo teve acesso, o Brasil é o terceiro maior consumidor mundial de cerveja no mundo, fica atrás da China e dos Estados Unidos. E assim como todos os outros produtos que fazem parte do dia a dia dos brasileiros, a cerveja ficou 11% mais cara entre junho de 2021 e maio de 2022.
A alta do preço da cerveja fez com que houvesse uma queda de 8,2% no volume, ou seja, as pessoas estão bebendo menos cerveja por causa de seu preço.
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Mas, de que maneira a inflação afeta a preço final da cerveja, ou seja, aquele que é cobrado nos bares e restaurantes. Em entrevista à Fórum, a economista Juliane Furno explica como funciona todo o processo - desde a fabricação até chegar nos bares - de construção do preço da cerveja.
Quais são os caminhos que levam ao encarecimento de produtos do dia a dia? “Quando a gente vê o índice de inflação a gente só consegue mensurar os preços das mercadorias e dos serviços, mas a inflação não mostra o aumento das rendas do salário e do capital. O índice de inflação não mostra quem está ganhando e quem está perdendo. às vezes são os trabalhadores que estão ganhando, em geral, eles estão perdendo. Mas, mesmo quando os trabalhadores estão ganhando, o receituário é o mesmo.
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“Dependendo da concentração do mercado, que no Brasil é bastante oligopolizada, na verdade o capitalismo é um sistema que tende a concentração de capital, mas em especial nas economias subdesenvolvidas onde são fortemente oligopolizadas. As empresas têm um poder de mark-up, ou seja, as grandes empresas de oligopólio não precificam as suas mercadorias como se elas estivessem vendendo um produto na feira do bairro, capinha de celular na feira do bairro, que é um preço de livre mercado, de livre concorrência. Elas formam o seu preço levando em consideração o poder de marcação que eles têm, então, elas formam o seu preço adicionando mais uma taxa de lucro mais elevada que o custo de produção. A inflação é um fenômeno muito complexo”, diz Furno.
Posteriormente, Juliane Furno explica por que a cerveja fica mais cara. “Por que a cerveja está cara? Muita gente resolveu beber cerveja? Não. O custo de se produzir cerveja se elevou, a cerveja é produzida por cereais que são importados. Então, se a taxa de câmbio está descompensada, se o Real está muito desvalorizado em relação ao Dólar o cisto de importar esses cereais vai ser repassado ao preço final da mercadoria e ela vai subir para o consumidor final. A cerveja fica no refrigerador, se a conta de luz subiu, aquele boteco que fornece a cerveja vai incorporar o preço mais elevado do insumo e a energia no preço final. A cerveja foi transportada de caminhão, diesel mais caro vai ser um componente que vai pesar na inflação final, mas o Banco Central vai lá e taca juros na economia brasileira. Isso não resolve o problema da inflação”, finaliza Julian Furno.
A íntegra da entrevista pode ser conferida abaixo: