Os seis conselheiros indicados pelo governo para o Conselho da Petrobrás e que compõem a maioria no órgão, que tem 11 integrantes, votaram juntos na moção que indicou ser da diretoria a decisão de aumento de preços, de acordo com o estatuto da estatal.
Na prática, autorizaram a diretoria a aplicar o aumento de 5,18% para o litro da gasolina e de 14,21% para o litro do diesel nesta quinta-feira (16), deixando Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara, Arthur Lira, de pires na mão.
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Segundo jornalista Lauro Jardim, o governo Bolsonaro, que implementou a atual política de preços, sentiu-se traído: “Os camaradas indicados por nós nos traíram. Outros que não foram indicados pelo governo tiveram posições diferentes”.
Pelo menos dois representantes dos minoritários fizeram, na reunião, ponderações contra o reajuste imediato dos preços.
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Na manhã desta sexta-feira, Jair Bolsonaro tentou tirar o corpo fora da decisão, num tuíte em seu perfil: “O Governo Federal como acionista é contra qualquer reajuste nos combustíveis, não só pelo exagerado lucro da Petrobrás em plena crise mundial, bem como pelo interesse público previsto na Lei das Estatais”.
Ele, que foi um dos fiadores da política atual de preços da empresa, baseada na paridade com os preços internacionais do petróleo, numa lógica de lucro máximo para os acionistas, agora resolveu voltar-se contra a direção da companhia: “A Petrobrás pode mergulhar o Brasil num caos. Seus presidente, diretores e conselheiros bem sabem do que aconteceu com a greve dos caminhoneiros em 2018, e as consequências nefastas para a economia do Brasil e a vida do nosso povo”
No fim da manhã, Lira usou as redes sociais para demonstrar seu desespero com o aumento no preço dos combustíveis, que afunda ainda mais o projeto eleitoral do governo. "O presidente da Petrobras tem que renunciar imediatamente. Não por vontade pessoal minha, mas porque não representa o acionista majoritário da empresa - o Brasil - e, pior, trabalha sistematicamente contra o povo brasileiro na pior crise do país", escreveu Lira no Twitter.
Veja os tuítes de Bolsonaro e Lira:
Petroleiros criticam
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) criticou o novo aumento nos preços dos combustíveis anunciado pela Petrobras nesta sexta-feira (17). Para os petroleiros, o anúncio expõe a contradição entre o discurso eleitoreiro de Jair Bolsonaro (PL) e a política de preços adotada pela companhia.
"O novo aumento do diesel e da gasolina é mais um descaso do governo Bolsonaro com o trabalhador brasileiro, a maior vítima da disparada dos preços dos derivados e descontrole da inflação", disse Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP.
"Bolsonaro debocha dos brasileiros com seu discurso eleitoreiro contra reajustes de combustíveis, enquanto mantém a política de preço de paridade de importação (PPI), com aumentos baseados no preço internacional do petróleo, variação cambial e custos de importação, mesmo o Brasil sendo autossuficiente em petróleo, com custos em real. E, agora, a quatro meses das eleições, Bolsonaro se diz contrário às altas dos derivados, as quais deveria ter combatido desde o início de seu governo”, completou. Apesar de Bolsonaro ter criticado os aumentos, o Ministério da Economia defenda a manutenção da PPI.
Com esses novos aumentos, no governo Bolsonaro - entre janeiro de 2019 e 17 de junho de 2022 - o diesel nas refinarias subiu 203%, a gasolina, 169,1% e o GLP 119,1%, segundo dados elaborados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/seção FUP). Enquanto isso, o salário mínimo aumentou 21,4% no período.