Em Davos, na Suíça, onde participam do Fórum Econômico Mundial, os dois principais dirigentes do Bradesco - Luiz Carlos Trabuco e Octavio de Lazzari Jr., presidente do conselho e CEO do Bradesco, respectivamente - minimizam os ataques golpistas de Jair Bolsonaro (PL) à democracia, que segundo eles é "robusta".
"Temos uma democracia robusta e o reconhecimento de um sistema judiciário que funciona. O contexto do Brasil enquanto país está sendo – e será ainda mais – um porto muito seguro para o fluxo de capitais internacionais", disse Trabuco em entrevista ao Estadão quando indagado sobre as ameaças de Bolsonaro às eleições. "O debate eleitoral é tenso em qualquer lugar do mundo. Então, o importante é não ter desvios, e isso é o que nós estamos colocando", emendou.
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Lazzari Junior, um dos maiores entusiastas da eleição de Bolsonaro, disse que conversou com agentes do sistema financeiro - como Philipp Hildebrand, vice-presidente do conselho do fundo BlackRock, que domina o mercado especulativo - e que "o sentimento deles é de que o Brasil tem uma democracia consolidada".
"Pode até ter uma discussão mais ferrenha de um lado ou do outro, mas a democracia é consolidada e não corremos riscos em relação a isso. A eleição será aguerrida, mas acredito que aquilo que foi construído está preservado e não teremos esse tipo de problema", afirmou.
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Trabuco diz que o presidente de assumir o país em 2023 precisa mostrar "uma visão projetiva de onde estamos e de aonde podemos chegar", lembrando que "no momento pós-eleitoral, existe uma energia muito grande para fazer as coisas acontecerem".
Lazzari complementa explicando o que seria essa "visão projetiva": "Temos de mostrar, em conferências globais, o que o País pretende fazer, como privatizações e projetos de infraestrutura. Assim, trazemos visibilidade ao projeto. Sem confiança, não tem investimento. As reformas administrativa e tributária também são importantes, mas não serão o diferencial".
Ao comentar sobre a falta de planejamento a longo prazo em setores como a Educação, Trabuco diz que é preciso fazer um "retreinamento do capital humano" para servir ao sistema financeiro.
"Você falou de educação e esse é um dos temas do fórum de Davos. Fizeram uma pesquisa com milhares de CEOs ao redor do mundo e, até 2026, vamos ter de fazer o que eles chamam de “retreinamento” do capital humano. O desafio é muito frequente na área digital e mexe nas estruturas de gestão de recursos humanos e do comando e controle. Hoje, existem outros conceitos de gestão, como a resiliência da mão de obra. Mas os empregos serão diferentes. No campo, por exemplo, máquinas como tratores e colheitadeiras são quase miniestações de informática. Então, o planejamento é algo de que precisamos", disse o banqueiro.