ELEIÇÕES 2022

Pochmann não descarta que Bolsonaro congele preço dos combustíveis para tentar se reeleger

O economista acredita que o mercado não fará oposição explícita, caso a equipe econômica do governo adote congelar o preço dos combustíveis

Combustíveis: fator eleitoral determinante.Créditos: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O economista Marcio Pochmann declarou que uma das estratégias que poderão ser utilizadas por Jair Bolsonaro (PL) para tentar a reeleição é o congelamento dos preços dos combustíveis. “Essa medida terá um efeito eleitoral grande”, afirmou, em entrevista ao Fórum Onze e Meia desta quarta (16).

“Bolsonaro fará tudo para não perder, mesmo diante do caos econômico do país, com desemprego e o agronegócio, que não sobrevive três meses sem importações, por exemplo. A economia do país está um queijo suíço”, destacou Pochmann.

Por isso, ele acredita que o mercado não interferirá caso o congelamento de preços dos combustíveis for uma iniciativa usada pelo presidente. “Afinal, o aumento do preço dos combustíveis influencia a inflação”.

“Todas as decisões econômicas desse governo foram medidas heterodoxas e nem por isso sofreu oposição explícita por parte do mercado”, ressaltou o economista, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Pochmann acrescentou que o mercado funciona como um aliado importante de Bolsonaro. “Pode não apoiar propriamente este governo, mas está ao lado de quem pode ganhar do ex-presidente Lula (PT)”, avaliou.

Lula mostrou que é um craque nas relações internacionais, avalia

Em relação à possibilidade de vitória de Lula, Pochmann vê com certo otimismo no que se refere ao futuro panorama de políticas externas.

“Nos dois mandatos, Lula mostrou que é um craque e que tem visão estratégica sobre o posicionamento do Brasil no cenário internacional. Isso pode ajudar na criação de uma nova polaridade junto com outros países sul-americanos”, analisou o economista.

Para corroborar a tese, ele citou que a predominância do modelo neoliberal dos EUA “não é mais verdade. A prova é o fato de os chineses comprarem petróleo usando sua própria moeda. É um marco no sistema monetário internacional”, afirmou.

Pochmann afirma que o problema econômico maior da guerra são as sanções à Rússia

Pochmann avaliou os possíveis efeitos da guerra na Ucrânia no mundo, sob o ponto de vista econômico.

“Hoje, há 17 conflitos abertos no mundo equivalentes a este, embora para a mídia tradicional só exista um. O problema não é a guerra em si, mas as sanções aplicadas à Rússia por países da Otan”, apontou.

Ele acredita que os Estados Unidos estão tentando manter sua supremacia internacional. “Mas eles não têm mais condições de evitar o socialismo de mercado adotado pela China”.

“Paulo Guedes fala asneiras com propriedade”, diz economista

Questionado sobre as recentes declarações do ministro da Economia, que disse que no Brasil “há mais Iphones do que população”, tentando minimizar a crise no país, Pochmann respondeu: “Paulo Guedes fala asneiras com propriedade. Ele não tem sentido de nação”, resumiu.

O professor aproveitou para ressaltar que, no Brasil, o acesso à tecnologia digital é desigual. “A maioria da população de baixa renda usa planos pré-pagos de telefonia celular, que são muito limitados. Outro ponto é que o país não produz, é apenas um comprador da área digital”, disse o economista.

Assista à íntegra da entrevista: