O economista Luiz Gonzaga Belluzzo comentou sobre as possibilidades de construção de um novo período de desenvolvimento econômico para o Brasil durante o Jornal da Fórum desta segunda-feira (21). Na análise, Beluzzo criticou duramente a atuação do ministro da Economia, Paulo Guedes, e comentou sobre o avanço industrial da China e a balança comercial do país asiático com o Brasil.
"Houve uma mudança significativa na indústria com a terceira e a quarta Revolução Industrial, que tem muito mais a ver com avanço tecnológicos, com a coordenação com a tecnologia e a ciência. Nós tivemos uma experiência excelente com a Embrapa. Se você olhar bem, o Brasil preservou a sua capacidade e das universidades de gerarem gente muito competente. O meu temor é que o Bolsonaro está destruindo isso", afirmou Belluzzo durante entrevista ao jornalista Miguel do Rosário, no Jornal da Fórum.
"Eles são gente destrutiva. Esse Paulo Guedes é um idiota. Desculpe, eu não tenho mais paciência. Guedes é um idiota total. Ele vem com um liberalismo do tempo das cavernas, que não entende nada do que está acontecendo", completou.
Brasil perdeu corrida para a China
Após fazer um retrospecto da economia desde os anos de Getúlio Vargas, Belluzzo destacou que o Brasil perdeu a corrida do desenvolvimento econômico para a China e que é preciso pensar em novas estratégias. O economista questionou a primazia do agronegócio no modelo brasileiro.
"Os chineses, nos anos 80, estiveram no Brasil para saber como que foi montada a arquitetura do nosso desenvolvimento. O Brasil, até o começo dos 80, era o país mais industrializado entre todos os emergentes. A participação no PIB era de 28%, hoje é de 10%. Houve uma regressão muito rápida. O Brasil virou exportador de commodities. Não incorporou setores novos. O Plano Real ajudou na desindustrialização. Nós ficamos para trás no mesmo momento em que a China estava fazendo uma enorme escalada industrial. Se pegar o avanço da China na produção de manufaturas é impressionante. Nós viramos importadores de manufaturas e exportadores de commodities. Nós perdemos a corrida com a China", declarou.
"Isso significa que devemos ser contra o agronegócio? Não, não acho que é questão de ser contra, mas precisamos saber articular. O agronegócio emprega pouco e tem uma capacidade muito restringida de difundir impacto sobre as outras áreas da economia porque eles importam muito. O agronegócio é muito pouco empregador e tem pouquissimo impacto sobre as outras áreas da economia", completou.
Assista à entrevista de Belluzzo no Jornal da Fórum, a partir de 1h02: