Localizada em Araucária, no Paraná, a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen) segue sob o comando da Petrobrás após ver fracasso do seu processo de venda anunciado publicamente na última segunda-feira (19).
Incluída no plano de desinvestimento da estatal, a Fafen-PR foi fechada em março de 2020 já como início do processo de venda. À época, produzia 30% da ureia e amônia do mercado brasileiro, além de 65% do ARLA-32 (Agente Redutor Líquido Automotivo), um aditivo para veículos de grande porte que entre outras coisas busca reduzir emissões de gases de efeito estufa.
Além disso, desde o início da Guerra da Rússia contra a Ucrânia no começo deste ano, o acesso a fertilizantes tornou-se um problema, sobretudo Brasil que sendo o quarto produtor de grãos do mundo, os consome em quantidades astronômicas. Mas isso não seria um problema tão grande se a Fafen-PR não tivesse sido paralisada pelo governo e pudesse exercer a sua atividade fim.
“Dependemos da importação de fertilizantes que antes a Petrobrás produzia em Sergipe, Bahia e Paraná, da mesma forma que a privatização e subutilização de nossas refinarias vêm tornando o país dependente da importação de derivados do petróleo”, explicou Deyvid Bacelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP). Bacelar ainda lamentou a perda de ativos da estatal, de forma mais ampla, durante o atual governo: “Agora precisamos reconstruir o que foi destruído nos últimos anos”, concluiu
Já Gerson Castellano, petroquímico, ex-trabalhador da Fafen e diretor de relações internacionais da FUP, além de reafirmar a importância da soberania energética do Brasil, também conta que o processo de venda da Fafen-PR, em 2020, desencadeou uma greve que parou por quase um mês 130 unidades do sistema Petrobrás. Além disso, chamou atenção para o fato que, se não fosse fechada, a fábrica poderia auxiliar o Brasil no combate ao Covid-19 com a produção de oxigênio, em especial no auge da pandemia.
“Bolsonaro permitiu que mais de mil trabalhadores fossem demitidos com o fechamento da Fafen-PR que na pandemia poderia ter produzido oxigênio para todo o brasil e ter salvo as vítimas de Manaus que morreram asfixiadas”, disse à Fórum.
*Com informações da FUP - Federação Única dos Petroleiros.