Cesta básica do Dieese vai a R$ 700: Por que a culpa é de Bolsonaro?

Com base neste valor, salário mínimo deveria ser superior a R$ 5,8 mil. Batata, café em pó, tomate, açúcar e óleo de soja foram os itens que mais sofreram aumento

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Com uma inflação galopante e uma má gestão econômica, o custo médio da cesta básica no Brasil atingiu o valor absurdo de R$ 700 em Florianópolis, capital de Santa Catarina. Este foi o maior preço registrado, mas São Paulo (R$ 693,79), Porto Alegre (R$ 691,08) e Rio de Janeiro (R$ 673,85) não ficaram muito atrás.

Segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) feito em 17 capitais, 16 tiveram aumento no custo médio da cesta. As maiores altas foram registradas em Vitória (6,00%), Florianópolis (5,71%), Rio de Janeiro (4,79%), Curitiba (4,75%) e Brasília (4,28%).

Com base na cesta mais cara, estima-se que o salário mínimo necessário deveria ser equivalente a R$ 5.886,50, o que corresponde a 5,35 vezes o piso nacional vigente, de R$ 1.100,00. A batata, o café em pó, o tomate, o açúcar e o óleo de soja são os itens que tiveram maiores altas de preços.

Por que a culpa é de Bolsonaro

Economista e ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann afirmou, em entrevista ao Fórum Onze e Meia, por que que a principal responsável pelo aumento é a má gestão do governo de Jair Bolsonaro. Nos últimos 12 meses, a inflação ultrapassou 10%.

"A inflação começou a se apresentar como um problema quando contaminou outros preços, especialmente em função da política de formação de preços que temos no governo Bolsonaro, liberalização e combinação da desvalorização da nossa moeda, com o aumento de determinadas commodities, como os combustíveis, que contamina outros preços, já que é a matriz do transporte brasileiro. Não é caro só para quem usa automóvel, mas também se traduz em elevação para tudo que o transporte carrega, como os alimentos", explicou.

Além disso, a política neoliberal também influencia, já que o produtor, com autonomia de vender para o mercado externo ou interno, acaba escolhendo exportar, onde consegue cobrar mais caro. "O Brasil não tem preços mínimos, as forças de mercado decidem onde produzir, o que produzir e como produzir. Não tem gestão, comando. Tem a liberdade de mercado, e isso traz impactos muito ruins especialmente para o trabalhador", disse.

Confira os itens que mais sofreram aumento

A batata, pesquisada nas capitais do Centro-Sul, apresentou alta nas 10 cidades e as taxas oscilaram entre 15,51%, em Brasília, e 33,78%, em Florianópolis. 

O preço do quilo do café em pó teve alta destaque em Vitória (10,14%), Rio de Janeiro (10,06%), Campo Grande (9,81%) e Curitiba (9,78%). No caso do tomate, as maiores subidas foram observadas em Vitória (55,54%), João Pessoa (44,83%), Natal (42,16%), Brasília (40,16%) e Campo Grande (32,69%). 

O valor do açúcar aumentou em 15 capitais e as altas oscilaram entre 0,27%, em João Pessoa, e 7,02%, no Rio de Janeiro. O óleo de soja registrou alta em 13 das 17 capitais, entre setembro e outubro. Os maiores aumentos ocorreram em Vitória (3,22%), Brasília (2,40%), Campo Grande (2,16%), Rio de Janeiro (1,81%) e São Paulo (1,76%). 

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