O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro, considerado a inflação oficial do país, teve a maior variação para o mês desde 2002: 1,25%, um aumento de 0,09% acima da taxa de setembro (1,16%). No ano, o IPCA acumula alta de 8,24% e, nos últimos 12 meses, de 10,67%, acima da meta estipulada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
A gasolina subiu 3,10% e teve o maior impacto individual no índice do mês (0,19 ponto percentual). Foi a sexta alta consecutiva nos preços desse combustível, que acumula 38,29% de variação no ano e 42,72% nos últimos 12 meses.
Os dados, divulgados pelo IBGE, mostram ainda que todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em outubro. O maior impacto e a maior variação (2,62%) vieram dos Transportes, que aceleraram em relação a setembro (1,82%).
A segunda maior contribuição veio de Alimentação e bebidas (1,17%), enquanto a terceira do grupo Vestuário (1,80%). Destacam-se ainda os resultados de Habitação, com alta de 1,04% e Artigos de residência, que variou 1,27%.
Alta puxada por alimentos e combustíveis
A alta nos alimentos foi puxada pelos aumentos do tomate (26,01%) e da batata-inglesa (16,01%), além do café moído (4,57%), do frango em pedaços (4,34%), do queijo (3,06%) e do frango inteiro (2,80%). No lado das quedas, houve recuo nos preços do açaí (-8,64%), do leite longa vida (-1,71%) e do arroz (-1,42%).
Segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o custo médio da cesta básica no Brasil atingiu em outubro o valor absurdo de R$ 700 em Florianópolis, capital de Santa Catarina.
Mais uma vez, a energia elétrica teve papel predominante no aumento da inflação (1,16%), embora a variação do item tenha sido menor que a de setembro (6,47%). Além disso, destaca-se o gás de botijão (3,67%), que teve sua 17ª alta consecutiva, acumulando elevação de 44,77% desde junho de 2020.
Por que a culpa é de Bolsonaro
Economista e ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann afirmou, em entrevista ao Fórum Onze e Meia nesta terça-feira (9), que a principal responsável pelo aumento no preços dos alimentos é a má gestão do governo de Jair Bolsonaro.
“A inflação começou a se apresentar como um problema quando contaminou outros preços, especialmente em função da política de formação de preços que temos no governo Bolsonaro, liberalização e combinação da desvalorização da nossa moeda, com o aumento de determinadas commodities, como os combustíveis, que contamina outros preços, já que é a matriz do transporte brasileiro. Não é caro só para quem usa automóvel, mas também se traduz em elevação para tudo que o transporte carrega, como os alimentos”, explicou.
Além disso, a política neoliberal também influencia, já que o produtor, com autonomia de vender para o mercado externo ou interno, acaba escolhendo exportar, onde consegue cobrar mais caro. “O Brasil não tem preços mínimos, as forças de mercado decidem onde produzir, o que produzir e como produzir. Não tem gestão, comando. Tem a liberdade de mercado, e isso traz impactos muito ruins especialmente para o trabalhador”, disse.