Acontece, neste sábado (21), em São Paulo, a 2ª Parada do Orgulho PcD, que este ano traz o tema "Sônia Livre", em referência a Sônia Maria de Jesus, mulher surda mantida sob trabalho análogo à escravidão por 40 anos, em Santa Catarina, e que voltou à casa da família que a escravizou após o resgate.
O caso de Sônia Maria chocou a Justiça e movimentos em prol de direitos humanos no ano passado. Sônia trabalhou durante 40 anos na casa do desembargador do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC), Jorge Luiz de Borba, onde foi vítima de violência física, mantida em um quarto em condições degradantes e incomunicável, uma vez que é analfabeta tanto em português quanto em libras.
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Mesmo após ser resgatada, ela voltou à casa de Borba por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, após o desembargador entrar com uma ação de “adoção psicoafetiva”.
Os auditores fiscais do trabalho afirmaram que esse é primeiro "desresgate" no Brasil e que caso é desastroso para a política pública. "É no mínimo intrigante que esse fato hediondo tenha ocorrido justamente com uma pessoa com deficiência", afirma Marcelo Zig, diretor institucional do evento, em entrevista ao Brasil de Fato.
Chamando atenção para o caso de Sônia, a 2ª Parada do Orgulho PcD vai reforçar a importância da relação entre a luta anticapacitista com outras lutas sociais. "A pessoa com deficiência tem a sua identidade e experiência reduzida à deficiência, como uma característica que a destitui de humanidade. Dessa forma, ela não é acolhida em nenhum debate da vida social além da pauta da deficiência", aponta Zig.
"Isso não quer dizer que não soframos com as estruturas de violências na sociedade, pois, nós, pessoas com deficiência, somos plurais, somos homens, mulheres, crianças, adultos, idosos, negros, brancos, indígenas, héteros, LGBTQIAP+, nós somos Sônia Maria de Jesus", completa o diretor.
2ª Parada do Orgulho PcD
A 2ª Parada do Orgulho PcD acontece a partir das 10h, com concentração na Praça Franklin Roosevelt, na Bela Vista, em São Paulo. Além do ato, também está marcada uma audiência aberta ao público para o dia 23 de setembro, a partir das 9h, na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
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