O apresentador e presidente da Lga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), Jorge Perlingeiro, de 78 anos, resolveu afrontar o carnavalesco André Rodrigues durante o podcast "Só Se For Agora", transmitido na noite desta segunda-feira (13), no YouTube. Em conversa ao lado do colega Antônio Gonzaga, André afirmou ser negro.
"Somos dois carnavalescos pretos, que estamos chegando, trabalhando pela primeira vez juntos...", disse Antônio.
Te podría interesar
O apresentador então reagiu: "você é negro, preto?" "Sou", respondeu Antônio Gonzaga. Perlingeiro, então, negou com a cabeça e prosseguiu: "Precisa dar uma tinta em você, que você está muito clarinho", disse o apresentador.
"Sua mãe é negra, seu pai?", insistiu Perlingeiro. "Minha mãe", respondeu o carnavalesco. "Seu pai deve ser branco", disse o apresentador. Antônio confirmou e Jorge Perlingeiro respondeu: "Ah, logo vi. Você não está com essa negritude toda". "Mas eu sou negro, venho de família negra", corrigiu Antônio Gonzaga.
Te podría interesar
Defeito de cor
"Eu tenho escutado muito que as escolas estão ficando muito embranquecidas. Você não vê muito mais a figura do negro, ou do preto, nos desfiles. Esse ano a Portela vai ser totalmente o contrário", disse o apresentador, referindo-se ao samba enredo "Um defeito de cor", baseado no livro homônimo de Ana Maria Gonçalves.
"Vai ter um contingente negro muito maior esse ano do que branco, não é isso?", perguntou. "A Portela é uma escola negra. Isso é inegável", disse o carnavalesco André Rodrigues. "Isso não é uma questão", completou. Júnior Escafura, vice-presidente da agremiação, concordou: "A Portela sempre foi uma escola de alma, de gente negra mesmo". Perlingeiro, então, rebateu: "Não vai querer dizer que é negro não que eu não vou aceitar. Ele eu já estou quase aceitando, mas você, não vou aceitar", disse, apontando para Antônio Gonzaga.
Veja o vídeo abaixo:
Escolas reagem
A Portela se pronunciou através uma nota oficial sobre a fala de Perlingeiro:
"O G.R.E.S. Portela é uma instituição fundada por pretos, pobres e suburbanos há mais de cem anos. Temos como princípio a luta contra o preconceito de qualquer espécie, bem como o apoio incondicional a diversidade", disse a Portela através do Twitter.
"Reafirmando este compromisso histórico, a diretoria da Portela, com a certeza de estar reverberando as vozes de nossos componentes e torcedores, presta solidariedade aos carnavalescos Antônio Gonzaga e André Rodrigues, assim como a todos que participaram do 'Só se for agora'. Seguimos juntos nossa jornada para uma sociedade em que a cor da pele não seja um defeito, o que está muito além de um desfile carnavalesco", continuou.
O Império Serrano também rebateu as falas do presidente da Liesa:
"O Carnaval foi e é construído pela força do povo preto, trabalhador e que entrega o seu suor para fazer dos desfiles das escolas de samba o maior espetáculo do planeta. Feliz do povo que tem Silas de Oliveira, Cartola, Candeia, Dona Ivone e Paulo da Portela como referências", diz a nota publicada no Twitter da agremiação.